A Adriana tem 23 anos e esteve a estudar em Madrid durante 10 meses. Ela não foi para Madrid estudar porque tinha algum apelo especial à cidade, uma vez que nem a conhecia bem, mas sim porque encontrou um programa de mestrado que lhe pareceu interessante e com igualmente interessantes perspectivas laborais: um mestrado em Economia do Desenvolvimento e Crescimento. É uma especialização de economia que se dedica a estudar a multi-dimensionalidade da pobreza e medidas que possam ajudar a certos problemas específicos, mais ligada à realidade dos países em vias de desenvolvimento, e com perspectivas laborais interessantes dentro de ONGs ou instituições internacionais. O segundo ano de mestrado será em Lund, Suécia, onde ela já se encontra.

Que expectativas tinhas da cidade e do país antes de chegar? A realidade é parecida com essas expectativas? Já sabia que Madrid seria uma cidade grande, com movimento e cara (factor que todos os meus amigos espanhóis sempre me ressaltavam), e realmente a cidade conseguiu surpreender-me em todos estes aspectos. É maior do que eu pensava! Tem tanta gente que muitas vezes é difícil andar na rua (principalmente em Sol e nas ruas dessa zona) e é caríssima! Em relação ao tempo, Madrid é o típico exemplo estudado em geografia pelo clima continental: muito frio no inverno e muito calor no verão.  No entanto, esta informação não nos prepara para aquilo que é a realidade desta simples frase: tive de comprar um casaco de inverno de propósito, que não tinha um suficientemente quente para sobreviver no inverno, e agora no verão, a temperatura ronda os 40 graus dia e noite. Sair com casaco nunca é uma preocupação. Aliás, muitas vezes até de noite está demasiado calor para sair de casa.

Do que mais gostaste em Madrid? Madrid é uma cidade cheia de vida e cheia de actividades. Há sempre sítios novos onde ir e imensos parques e jardins que são óptimos para um final de tarde. Uma coisa que eu também gostei bastante na cidade, é que todos os museus têm pelo menos um, até normalmente mais, horários em que são gratuitos.

E do que menos gostaste? Como todas as cidades grandes, acaba-se por perder muito tempo em transportes, as comunicações e transportes nocturnos também não são as melhores. Também era raro ter lugar sentada no metro, tal a quantidade de pessoas que recorrem aos transportes. E claro, o facto de ser uma cidade tão cara também não é muito convidativo, principalmente para estudantes. Para sair em qualquer bar à noite é preciso pagar entrada (a mais barata que paguei foi de 7€), e uma cerveja nunca é abaixo dos 4€.

Como caracterizas os espanhóis? Tive uma experiência cinco estrelas com os espanhóis. São super amigáveis, e prestáveis. Uma particularidade, que eu e outros estrangeiros comentámos, é que, por exemplo, quando estudava em Portugal, fazíamos imensos jantares em casa de alguém ou reuniamo-nos em casa de alguém… os espanhóis (pelo menos os da minha turma), nunca faziam isso. É sempre tudo fora, comer e jantar fora. Deu-me a ideia que não convidam as pessoas para sua casa tão facilmente, e isto raramente acontece.

Se alguém fosse visitar Madrid e só tivesse 3 dias o que sugerias ver e o que comer e onde? Ir aos museus principais e aproveitar as entradas gratuitas, pelo menos do museu Reina Sofia e do Prado. Ir ao jardim botânico ao lado do Prado. Dar um passeio pelo Retiro, que é na mesma zona. Diria que uma ida ao palácio real seria obrigatória, e também um fim de tarde no templo de Debod (ao lado). Uma volta por Madrid Rio, um parque à beira rio onde está o estádio Vincente Calderón, é bastante recomendável. Aliás, a visita podia começar en el Matadero, um antigo matadouro renovado que agora tem um bar e exposições, na ponta do parque. Dar uma volta até Sol e Gran Via. Esta zona tem imensa oferta. Pela minha experiência, preços e qualidade do típico bar que se encontra por aí não diverge significativamente. Um sitio que sim surpreende pela quantidade e qualidade servida é 3 Tigres em Chueca, que é um sitio popular para sair à noite, assim como o bairro de Malasaña.

Tens algumas dicas para nos oferecer de como poupar dinheiro em Madrid? Para alojamento para uma visita a Madrid, sugiro no centro, perto de Sol, porque estão perto de todas as atrações principais e podem recorrer a cidade a pé sem ter que recorrer a transportes públicos. Para quem estiver à procura de alojamento a longo prazo, um quarto na zona central de Madrid custa à volta de 400€ para cima. Escolher habitação na zona sul fica sem dúvida mais barato, e é uma zona bem comunicada com o centro. A zona norte é a “zona rica”, e aí a habitação é mais cara também, se bem que é onde as grandes empresas estão situadas. Para compras, eu sou apologista de comprar nos mercados locais, e se puderem, compensa. No sitio onde eu vivia até existia uma loja que só vendia ovos, e além do preço ser o mesmo ou até mais barato, compram maior qualidade.

O que mais gostavas de fazer em Madrid? Ir ao templo de Debod ou ao Parque del Retiro passar o fim de tarde com amigos e ver o pôr do sol.

Na tua opinião qual a melhor altura para visitar Madrid? Durante as Festas de San Isidro. Existe fogo de artificio, peças de teatro e concertos gratuitos pela cidade. Além disso, já está bom tempo (Maio), pelo que é a altura perfeita para visitar a cidade!

Muito obrigada Adriana por partilhares a tua experiência de Madrid connosco e aguardamos ansiosamente pelo teu relato de Lund, na Suécia 🙂

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