Parque Nacional Peneda – Gerês é um dos lugares mais bonitos de Portugal e por isso o primeiro lugar em que pensei para uma escapadinha de fim de semana. Dois dias de trilhos pela montanha a visitar cascatas, miradouros e lagoas, finalizados com fartos e deliciosos jantares!

A chegada ao Gerês, entre curva e contra curva, foi magnífica. Diante dos nossos olhos tínhamos a Albufeira da Caniçada, um enorme lago artificial do Rio Cávado, que se divide em três braços e com duas pontes no centro de onde temos uma excelente panorâmica de todo o lago e das montanhas que o cercam.

Daí passámos a vila do Gerês, mas não havia tempo a perder, pelo que seguimos directamente para o Miradouro da Pedra Bela.

.

.

 

.

Este miradouro tinha sem dúvida uma bela vista sobre a albufeira e a vila que acabávamos de cruzar, mas teríamos de continuar até ao Miradouro das Rocas para uma visão geral do complexo montanhoso. Se o primeiro contava com “estacionamento à porta”, este requeria uma subida íngreme para atingir o topo destas pedras, que estariam uns 20-30 metros mais acima do lugar onde deixáramos o carro.

Daí à lindíssima Cascata do Arado são aproximadamente 1000m, que se podem fazer a pé, ou levar já o carro para o estacionamento que se encontra 400m depois da Cascata e de onde começa a caminhada para o Poço Azul. É possível ter uma visão desta Cascata desde um pequeno miradouro no topo de umas escadas, muito bem sinalizadas, embora tenhamos visto algumas pessoas a caminhar pela água para a ver de mais perto.

.

.

.

Começaria então a longa caminhada para o Poço Azul. Confesso que foi bem mais longa e difícil do que esperava, principalmente pelo intenso calor que fazia e pela pouca sombra que não existe em grande parte do caminho. As instruções do blog Viajar entre Viagens de como chegar foram imprescindíveis pois a sinalização durante o trilho não é nada clara (aliás, logo no início fomos ultrapassados por um grupo que reencontrámos mais à frente pois eles tinham ido por um outro caminho tão mais longo, que acabaram por desistir e nem chegar ao Poço).

Deixo então aqui as indicações que seguimos, para que possam chegar ao Poço Azul da maneira mais directa, adaptada do texto da Carla e do Rui:

  1. A partir do parque de estacionamento que já referi há uma estrada de terra batida que sobe montanha acima. Esta parte do trilho está marcada com sinais vermelhos e amarelos porque coincide com o PR14.
  2. Cerca de 1km depois vão encontrar uma bifurcação e há que seguir pela direita, ou seja, descer – esta parte do caminho está bem sinalizada.
  3. Uns 200m depois vão passar pelo Curral e pela Fonte da Malhadoura onde se podem refrescar e abastecer de água.
  4. Devem continuar pela estrada de terra batida por mais um quilómetro, vão passar pelo Curral dos Portos, do lado esquerdo, e por um campo agrícola murado, do lado direito. Continuar em frente.
  5. Quando encontrarem um cruzamento com uma placa a dizer “Tribela” devem ir pela esquerda.
  6. Depois de virar à esquerda vão passar por uma casa que se encontrará do vosso lado direito. A partir daqui já não existem marcas vermelhas e amarelas mas brancas e vermelhas (abandonámos o PR14 e estamos agora na GR50).
  7. Terão de descer até ao rio Conho, cruzar a ponte das Servas e voltar a subir até à estrada de terra batida (este é na verdade o atalho que vos poupará bastante tempo e esforço).
  8. Assim que voltarem à estrada devem virar à esquerda e caminhar menos de 100 metros. Aí, à esquerda, há um trilho estreito que é o que vos leva ao Poço Azul. Está marcado por uma mariola (torre de pedras empilhadas) mas é um local que facilmente pode passar despercebido. Se chegarem a um Curral, cercado por uma vedação, do lado direito, é porque já passaram o corte.
  9. Sigam o trilho sempre pela margem direita do rio, por pouco mais de 1km.
  10. Cerca de 100m antes de chegar ao Poço devem cruzar o rio e continuar sempre junto a este até ao tão desejado Poço Azul!
  11. O regresso é feito pelo mesmo caminho, mas ao contrário 😉

Depois de tão longa caminhada sob um calor abrasador, era hora de banho. A água, obviamente, estava gelada, coisa que só me apercebi quando submergi a cabeça e senti que o meu coração me ia sair pela boca. Ainda assim é um lugar fantástico para estar tranquilo, em comunhão com a natureza, e os pés dentro de água. Quando chegámos estavam outros três casais presentes, claramente a lotação máxima para que não se sentisse o espaço a abarrotar. Ficámos por isso felizes pelo grupo que nos tinha ultrapassado no início da caminhada ter desistido. No final éramos só quatro pessoas e só nos fomos embora quando o sol se escondeu por detrás da montanha, deixando o Poço Azul à sombra.

.

.

.

.

.

.

.

Depois de uma longa caminhada de regresso, cansados, mas felizes, era hora de deixar as coisas no hotel e finalmente comer algo (desde o pequeno almoço que estávamos a fruta e bolachas).

Escolhemos o Hotel Nations Gerês porque durante a nossa procura foi o que nos pareceu oferecer melhor qualidade preço e ficámos muitíssimo satisfeitos. Desde a incrível simpatia da Cláudia, polaca de nascimento mas já portuguesa de coração, às vistas da nossa varanda privada e ao completíssimo pequeno almoço, não nos podemos queixar de nada!

Foi no hotel que nos sugeriram irmos jantar no Restaurante Lurdes Capela, que gostámos tanto que repetimos no dia seguinte! Na primeira noite pedimos os bifes típicos da região, carne de vaca da raça cachena, o meu com queijo da Serra, uma delícia! E para finalizar, um Pudim Abade de Priscos como há muito não comia! Na segunda noite o Jorge pediu o prato que eu tinha comido na noite anterior e eu um Bacalhau com Broa, terminando desta vez com um Toucinho do Céu, igualmente maravilhoso. Tudo isto obviamente acompanhado com um bom vinho verde, não estivéssemos na sua região – o restaurante tem também cerveja artesanal produzida por eles mesmos.

O dia seguinte mostrou-se cinzento todo o tempo, incluindo uma ou outra queda de chuva, daquela que nem molha, nem deixa de molhar. O primeiro destino era a Cascata do Tahiti (também conhecida como Cascata de Fecha de Barjas). Esta é uma das cascatas mais acessíveis para visitar, pois encontram-se ao lado da estrada e por isso é possível deixar o carro mesmo ali. Estão logo os avisos de lugar muito perigoso, que acompanhava os relatos que já tinha lido de pessoas que caíam ali e até inclusive de pessoas que já tinham perdido a vida. Caminhava por isso com muita precaução e não me aventurava para sítios com mais água, em que pudesse escorregar, ou me aproximava muito da borda. Ainda assim consegui cair numa zona de terra e ir de cara directamente contra a minha câmara, que levava na mão. Imediatamente comecei a sangrar do nariz, pensando por momentos que o tinha partido. Felizmente o carro estava perto e foi aí que me consegui limpar e perceber que tinha sido apenas um corte e que a hemorragia maior vinha do interior do nariz (felizmente também, isto aconteceu quando eu já estava a regressar para o carro, pelo que consegui visitar as cascatas de modo a mostrar-vos).

Entretanto descobri, por uma amiga que visitou o Gerês uma semana depois de mim e que partilhou fotografias muito diferentes das minhas deste mesmo lugar, que depois de passar a ponte, ainda na estrada, há um caminho à direita que nos leva até ao sopé da cascata. Ela garantiu-me que o caminho não era perigoso.

.

.

.

Era imperativo arranjar gelo para que o meu nariz não inchasse, pelo que parei na seguinte aldeia, Fafião, onde de qualquer modo já tinha planeado visitar o seu miradouro. De gelo na cara, sobi até este miradouro, cujo interesse principal é ele mesmo e não a vista, uma vez que se trata de uma ponte metálica que nos leva ao topo de um imenso monolito.

Daí segui para a aldeia de Pincães, para visitar a sua cascata. Há que deixar o carro à entrada da aldeia e depois seguir as setas para a cascata. Quando encontrarmos uma espécie de levada, devemos segui-la durante 1km até chegar à lindíssima cascata. Atenção que depois da seta que diz que a cascata se encontra a 400m o caminho de terra batida parece que acaba numa outra cascata que não é a que procuramos. Há que continuar a seguir a levada até encontrar a cascata de Pincães. Como fui numa terça feira nublada, tive-a só para mim durante o tempo todo que lá estive.

.

.

.

.

.

.

.

Faltava a mais longa caminhada do dia, quase 5km para cada lado desde a aldeia do Xertelo até às 7 Lagoas. Provavelmente não estou em forma ou só não tenho muita noção das distâncias, porque todas as caminhadas me pareceram mais longas do que realmente foram. Aqui temos novamente de deixar o carro à entrada da aldeia e seguir as setas e marcações até às 7 Lagoas. Todo o percurso está muito bem assinalado, pelo que é impossível perder-se. Todo o trilho é quase à mesma cota, pelo que se faz muito bem, especialmente num dia sem sol, pois a sombra é inexistente.

Já quase a chegar às Lagoas fui surpreendida por umas poças num pequeno vale, visíveis desde a pequena ponte que se encontra sobre esta linha de água e que depois cai abruptamente numa altíssima cascata, que só a vemos umas dezenas de metros depois, quando descemos em direção às lagoas. Já estas são tão bonitas como imaginava, tive só pena de as apanhar num dia sem sol, pois não se encontravam no seu exponencial máximo de beleza, para além de que a temperatura não chamava a banhos. Andei a saltitar de lagoa em lagoa, sendo-me impossível visitar as mais longínquas, por uma questão de segurança (novamente tinha toda a montanha só para mim – o Jorge tinha ficado a trabalhar – pelo que não era inteligente aventurar-me sozinha por terrenos mais perigosos).

.

.

.

.

.

.

.

Desde o Xertelo até à vila do Gerês demorou quase uma hora entre curva e contracurva. Pensei ainda parar na Ponte da Misarela, mas o ponto mais próximo onde era permitido deixar o carro era a 1km e eu já não tinha pernas para mais um quilómetro de ida e outro quilómetro de volta, pelo que tive de abortar a missão e seguir para o Nations Gerês, onde o Jorge me esperava ansioso para voltarmos ao Restaurante Lurdes Capela.

No dia seguinte foi sair bem cedo pois às 14h já tinha de estar em Lisboa. Adorámos estes dois dias no Gerês e iremos certamente regressar com mais tempo! E vocês, do que mais gostaram e onde acham que devíamos ter ido e não fomos?

PLANO PARA DOIS DIAS

Dia 1:

  • Miradouro da Pedra Bela
  • Miradouro das Rocas
  • Cascata do Arado
  • Poço Azul (caminhada de 9km, ida e volta)

Dia 2:

  • Cascata do Tahiti
  • Miradouro de Fafião
  • Cascata de Pincães (caminhada de 2km, ida e volta)
  • 7 Lagoas do Xertelo (caminhada de 10km, ida e volta)