Eu vivi dez meses em Florença em Erasmus. As bolsas que a Comunidade Europeia dá ajuda, mas normalmente não chega nem para pagar a casa, por isso infelizmente o programa Erasmus ainda não está ao alcance de todos. Eu recebia 306€ por mês de bolsa. As bolsas são atribuídas por país de destino, consoante o custo de vida médio desse país. Escolhi uma cidade demasiado cara para a bolsa que tinha…

Voo: Eu comprei um voo só de ida, para Milão porque ainda nem sabia bem quando eram as minhas férias de Natal. De qualquer forma viajar dentro da Europa nunca sai muito caro, por isso esta é a parte com que menos se têm de preocupar. Eu só tinha planeado vir a Portugal no Natal, mas tive de vir também de urgência em Abril por causa de uma emergência familiar e mesmo comprando o bilhete na véspera só paguei 150€ ida e volta. Em 2014 abriu a ligação da Ryanair de Lisboa para Pisa, que compensa por ser mais perto do que Milão e por haver autocarros directos para o aeroporto. O aeroporto de Florença não compensa, fica sempre muito mais caro chegar lá directamente. O de Bolonha é também uma boa hipótese.

Renda: Estudei na faculdade de arquitectura da Universitá degli Studi di Firenze que era no bairro de Santo Ambroggio, no centro, por isso queria alugar um quarto nessa zona. Fui com a Maria João mas a ideia era cada uma encontrar uma casa para si, o que acabou por não acontecer porque encontrámos uma casa vaga com dois quartos que adorámos e lá decidimos que só íamos falar italiano fora de casa. A casa ficava na Via Fra Giovanni Angelico 5, a 800 metros da faculdade e na verdade foi um achado, porque a maioria das rendas eram superiores ou então as casas eram horríveis. Pagávamos 800€ por mês pela casa toda (dois quartos, uma sala adaptada porque era um sótão, uma casa de banho e a cozinha), logo 400€ cada uma, já com as despesas todas incluídas. Tínhamos um supermercado coop a 700m onde fazíamos a maioria das compras e um Lidl a 1,5km onde íamos às vezes, quando nos apetecia lasanha (tínhamos bicicletas).

Foi nesse ano que comecei a fazer folhas de excel com todas as minhas despesas divididas por transportes (que incluíam todos os autocarros e comboios e a própria bicicleta), supermercados, restaurantes, viagens (organizadas por grupos Erasmus maioritariamente e uma ou outra dormida fora de Florença, como quando fomos às Cinque Terre), despesas de educação (material de maquetes, de desenho, etc. – se não estudas arquitectura ou artes não deves ter de considerar esta parcela), cultura (museus, livros), roupa e “outros” (desde souvenirs, tarifário de telemóvel, etc…). No total, depois de chegar a Itália e não considerando as minhas viagens à Bélgica e a Paris, nem o tempo que estive em Portugal de férias, gastei 9008,2€.

Claro que podem ter um estilo de vida muito diferente do meu. Eu ia a todas as viagens que os grupos de Erasmus apresentavam porque queria de facto conhecer o máximo do país (podem ver aqui onde fui). Saía muito mais do que em Portugal porque tinha um grupo de amigos que saía muito. E depois há gastos que são o que são e não se pode fazer muita coisa para o alterar, como o que se gasta em material para a universidade ou o tarifário de telemóvel. E dei-me a alguns luxos, como ir esquiar aos Alpes ou ir duas vezes a Veneza para as Bienais de Arte e Arquitectura. Vejam isto apenas como uma indicação!

Em resumo, por mês:

  • Renda: ~400€ por um quarto individual
  • Transportes: ~45€
  • Supermercado: ~120€
  • Restaurantes: ~80€ (aqui depende muito de pessoa para pessoa)
  • Educação: ~50€ (valor para os estudantes de arquitectura e arte)
  • Viagens: ~120€ (se estamos num país diferente é para aproveitar e conhecer tudo! Fica mais caro ter de lá voltar :P)
  • Cultura: ~25€
  • Roupa: ~10€ (eu não sou o melhor exemplo, não ligo muito a estas coisas, só compro mesmo o que preciso!)
  • Outros (incluindo tarifário de telemóvel, souvenirs, farmácia): ~50€

Total por mês: ~900€ + voos

Total por dia: ~ 30€, de facto há cidades mais baratas, mas nunca será o mesmo!