Antes de mais porque decidiste sair de Portugal?
Soube, através de uma amiga, sobre esta oportunidade para participar no projecto e decidi candidatar-me. Já estava ligada à organização em Portugal mas a trabalhar numa área diferente. Decidi aventurar-me, continuando ligada à organização, mas no departamento de Desenvolvimento do Voluntariado, que é a minha paixão.
Que expectativas tinhas de Reiquejavique e da Islândia antes de chegar? A realidade é parecida com essas expectativas?
Eu sabia muito pouco da realidade de Reiquejavique ou da Islândia em geral. Foi uma questão de ir pesquisando, falando com pessoas, mas sem criar grandes expectativas nem dar espaço para criar a minha opinião.
A realidade é surpreendente, Reiquejavique é uma cidade culturalmente bastante activa, os islandeses são muito ligados às artes, desde música, pintura/desenho, poesia, dança, tudo faz parte da vida da cidade e há imensa oferta nesse sentido. Quando o tempo o permite, é sempre bom sair da cidade e fazer uma caminhada, nadar num rio de água quente ou simplesmente relaxar num hot pot (poça natural de água quente).
Calma, paz, segurança. Não fazia ideia que uma capital pudesse ser tão tranquila, não tem nada a haver com as capitais da Europa. Reiquejavique parece uma vila, tem poucos prédios, é colorida, com cada vez mais turistas mas ainda assim não está a rebentar pelas costuras de gente. É uma cidade limpa e segura em qualquer altura do dia ou noite. Sinto-me muito bem aqui.
E do que menos gostas?
Talvez do facto de não haver comboio, mas mais porque é extremamente caro e complicado sair da cidade sem ser de autocarro turísticos ou serviço rodoviário, que para além de caríssimo é inconstante. O facto do único transporte público ser o autocarro faz com que haja muita gente a conduzir e trânsito a mais para o tamanho da cidade, mas nada comparado com o trânsito da 2ª circular.
Como caracterizas os islandeses?
Curiosos, muito curiosos! Interessados em tudo o que vem de fora do país. Acho que em relação ao típico português podem não parecer não tão simpáticos ou calorosos mas é mesmo só impressão. Digamos que não são calorosos de uma forma física mas sim social, é isso! Adoram conhecer, saber mais, aproximam-se socializando, preferencialmente numa banheira de hidromassagem ou numa noite de copos.
Como é um dia normal para ti aí?
Eu vou trabalhar das 10h às 16h de segunda a sexta, depois disso varia nos dias da semana. Tenho aulas de dança uma vez por semana, costumo ver o que acontece na cidade: concertos, espetáculos, festivais, ou vou à piscina, que é a actividade mais comum para qualquer islandês. Existem três piscinas públicas na cidade, que oferecem banheiras de hidromassagem, sauna, piscina olímpica e normal, tudo aquecido. As piscinas aqui é como uma ida ao café para nós, um espaço de convívio. Essencialmente vou variando as minhas tardes / noites com estas opções: segundas de jazz no Húrra, terças karaoke no Gaukurinn, quartas salsa no Austur, quintas filme no Bíó Paradís. Sextas são os dias em que as pessoas saem mais à noite, mas só se começa a sair a partir da meia noite, uma da manhã.
Se alguém fosse visitar Reiquejavique e só tivesse 3 dias o que sugerias ver e o que comer?
Em relação a turismo, devem começar por ir ao ráðhúsið (câmara municipal) porque é o melhor ponto de informação da cidade, e a melhor forma de planear esses três dias. A verdade é que Reiquejavique é uma cidade pequena e que demora no máximo um dia a ver, contando com passagem por algum museus. Recomendo que façam um tour no Golden Circle, que também ocupa outro dia completo e é uma boa amostra do que existe na Islândia! No terceiro dia sugiro uma caminhada por Reykjadalur e relaxar no rio de água quente.
Ninguém vem à Islândia pela gastronomia, não há nada que eu recomende a ninguém em especial, mas o pão é óptimo. Recomendo uma visita ao brauð&co, tem bolos e pães deliciosos.
Fazer as próprias refeições em vez que comer fora e fazer essas compra nos supermercados Bonus ou Kronan. Por favor fujam do 1-11, a diferença de preços é realmente abissal.
Qual a maior “tourist trap” da cidade?
Água engarrafada! Não comprem água engarrafada importada da Noruega, é ridículo. Tragam a vossa garrafa vazia e é só encher em qualquer lado. A água da torneira é óptima e sai tão fresca que parece que acabou de sair do frigorífico. Para além disso qualquer bar ou restaurante onde se vá tem água à disposição e mesmo que se tenha de pedir, ninguém nega água a ninguém.
Em que zonas da cidade devemos procurar hospedagem e porquê?
A cidade é realmente muito pequena e plana, tudo fica a no máximo 20 minutos de distância, a pé, dos principais pontos de interesse da cidade, mas se tiver mesmo que recomendar, qualquer hostel da Hostelling International. Existem três na cidade, têm um aspecto moderno e acolhedor. Não só os turistas como os estrangeiros e islandeses que residem na cidade convivem e participam nos eventos dos hosteis.
Quais os melhores locais para sair à noite?
Os meus sítios preferidos ficam um ao lado do outro, no centro da cidade, e são:
- Gaukurinn – tem noites temáticas, o espaço é amplo, bom para dançar ou só para beber um copo;
- Húrra – para beber um copo e às vezes tem concertos porreiros;
- Kiki – é o queer bar da cidade, com a música mais popular do momento para dançar.
Qual o teu lugar preferido (bairro, edifício, café, livraria…) ou actividade preferida?
Eu gosto muito do Café Babalú. É um local calmo com um decoração hipster (como tudo e todos em Reiquejavique). Tem notas e moedas de todo o mundo na decoração, quadros e pequenas estátuas de diferentes países (tem um azulejo português). É acima de tudo acolhedor e tem refill de café 😉
O que responderias se alguém te perguntasse “Não se pode sair de Reiquejavique sem…?”
Ir a uma das piscinas! É uma experiência social muito interessante e algo desafiante e não há nada mais islandês que ir à piscina e comer um gelado logo depois.
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