Para quem não sabe, vivi na cidade de Mérida, Yucatán, entre Janeiro e Maio de 2015, um intercâmbio financiado pela bolsa do Santander, Ibero-americana, ainda durante a minha vida universitária. Houve duas razões principais para a escolha desta cidade, a primeira é por ser a cidade mais segura do México, a segunda por toda a cultura que se encontra dentro da cidade e em toda a península do Yucatán, tal como praias paradisíacas a poucas horas de distância.

Assim deixo-vos aqui algumas das atracções que podem encontrar na cidade e arredores e em breve escrevo outro post sobre as várias atracções, ruínas ou praias na península que visitei e acho interessantes para que vocês também conheçam.

Plaza Grande

Este é o ponto central de Mérida, a partir do qual a cidade cresceu. Diz-se que aqui se encontrava uma pirâmide maya e que haveria mais quatro espalhadas pela cidade, que foram destruídas e as suas pedras usadas para construir vários edifícios públicos e a majestosa Catedral de San Ildefonso, a primeira catedral a ser construída na América continental. É também nesta praça que se encontram o Palácio Municipal, a Casa de Montejo (os fundadores de Mérida), de arquitectura plateresca, com várias exposições de arte popular mexicana e o Palácio de Governo, onde se encontram murais de Fernando Castro Pacheco que retratam a história do México. Durante todo o ano vários espectáculos vão passando por esta praça, desde procissões, desfiles de Carnaval, fogo de artifício, concertos. Também todas as 6as feiras às 20h, às portas da catedral, existe um “teatro” do jogo de bola maya, o pok-ta-pok (aquele desporto do filme El Dorado, lembram-se?). Também todos os dias, às 9h30 há tours grátis da cidade organizados pelo próprio Tourism Office que partem do Palácio Municipal.

No centro encontramos também a belíssima igreja da 3ª ordem, o Teatro Peón Contreras e o Parque de Santa Lucía, com os seus típicos “bancos-namoradeira”, de onde também partem free tours diariamente.

Paseo de Montejo e Monumento a la Patria

Os “Champs Elysees” de Mérida, esta avenida de traçado de inspiração francesa é flanqueada por grandes árvores e foi aqui que se construíram os mais bonitos palacetes e mansões dos mais importantes personagens yucatecos do séc. XIX como o Palácio Cantón, que foi residência oficial dos governadores do estado durante algum tempo e alberga desde 1966, o Museo Regional de Antropologia e História, tal como outros edifícios que actualmente acomodam hotéis-boutique, lojas e bares (visitar a Dulcería Colón). Na mesma avenida pode-se apreciar construções que nos transportam para outra época: há a casa museu Quinta Montes Molina, a Casa Peón de Regil, de estilo italiano e uma fachada de pedra lavrada; e a Casa Vales, majestuosa e simétrica. Practicamente a cada passo há uma descoberta arquitectónica. Recebe o nome de Francisco de Montejo, conquistador espanhol e fundador da capital do Yucatán. Tem uma extensão de 6km, desde o bairro de Santa Ana até ao Gran Museu del Mundo Maya, passando pelo impressionante Monumento a la Patria, que narra a história do país com os escudos  de cada estado, completamente talhado em pedra, do artista colombiana Rómulo Rozo (a partir deste ponto passamos à Prolongación de Paseo de Montejo, que já não tem interesse turístico). Todos os sábados, no Remate de Montejo (o início da avenida), acontece às 20h a Noche Mexicana com música regional e venda de comida e artesanato e aos domingos, o Paseo de Montejo está fechado ao trânsito das 8h às 12h, ideal para se visitar o mercado de arte que se estabelece aí.

 

El Gran Museo del Mundo Maya

No norte da cidade encontra-se o Grande Museu do Mundo Maia, um edifício de arquitectura contemporânea que se assemelha a uma ceiba, a árvore sagrada da cultura maia, desenhado por 4A Arquitectos e que alberga a história dos maias desde o passado até agora (sim, ainda há muita gente que se identifica como maia, que continua a falar a língua, etc.). E obviamente encontramos aqui também a história dos maias ancestrais, os das ruinas de Chichén Itzá e Tulum, os politeístas que acreditavam que existem três estágios – terra, céu e submundo -, que acreditavam em sacrifícios de sangue, que eram super avançados em matemática e astronomia e que tinham o seu próprio calendário, os maias que para escrever desenhavam. Inclui também várias exposições temporárias (quando fui era sobre o meteorito que se crê ter feito extinguir os dinossauros, que caiu exactamente na Península do Yucatán). O museu não abre às 2as feiras e tem o valor de 150$MX para estrangeiros.

Mercado Lucas Valdéz

Estamos no México, tudo é diferente, logo há que visitar um mercado! E o ideal é o mercado central de Mérida, também conhecido por Lucas Valdéz. Aqui encontra-se de tudo: tamales de todos os sabores, bijuteria em insectos vivos (conhecidos como Maquech), frutas e legumes, carne e peixe expostos ao ar, huipiles e guayaberas (os trajes típicos), cestos e texteis. Uma explosão de cores e sabores que não se pode perder!

Pela cidade aconselho também os mercados de Santiago e de Santa Ana para se experimentar um dos pratos típicos yucatecos (aconselho os tacos de Cochinita Pibil ou os Papadzules), acompanhado ou por uma fresca cerveja mexicana (Indio e Negra Modelo são as minhas favoritas) ou uma água de sabor, tão típica do México (começar pela água de jamaica e ir experimentado também outros sabores).

Cemitério

Poderá parecer estranho visitar um cemitério, mas a verdade é que o modo como se vê e celebra a morte é diferente de cultura para cultura e no México esta celebração da morte é muito famosa! Na verdade no Cemitério Geral de Mérida, localizado na Calle 81A x 90, não se nota tanto o aspecto “festivo” mas mais o aspecto arquitectónico. É que os cemitérios no México são muito coloridos! E desorganizados! E nalguns sítios até se encontram ossos humanos. Sem dúvida algo interessante a fazer.

Praia de Progreso

A cerca de 40km de Mérida encontramos a Praia de Progreso. Comparando com as praias do lado da Riviera Maya, não é tão fantástica, mas para quem vive em Mérida ou está de passagem e quer apanhar um pouco de sol, é a praia mais perto. O Golfo do México tem um tom mais esverdeado, muito pouco paradisíaco. Para lá chegar há que ir até ao Terminal Autoprogreso, que se encontra na Calle 62 entre 65 y 67, e apanhar o autocarro que vai até Puerto Progreso. Demora cerca de uma hora a lá chegar e depois há que caminhar cerca de quatro quarteirões para chegar à praia. Mas para nós a maior atracção de Progreso é um restaurante que se chama Eladios, que tem um conceito diferente – pede-se uma bebida (normalmente uma das cervejas nacionais) a um preço um pouco mais caro que o normal, mas que inclui dezenas de pratinhos típicos (ou botana, como eles lhe chamam). E é mesmo à frente da praia, pelo que se pode passar toda uma tarde a olhar para o mar, enquanto se come e bebe comida do mais yucateca que há!

Dzibilchaltún

Finalmente, a meio caminho de Progreso, encontramos as ruínas de Dzibilchaltún. Este nome maia significa “Lugar onde há escrituras nas pedras”, em alusão às numerosas lápidas comemorativas encontradas neste sitio arqueológico, chamadas também de estelas. Segundo os expertos, havia assentamentos desde o ano 500 a.C. ou antes, e perdurou até à conquista dos espanhóis por volta de 1540 d.C. A cidade conserva 12 sacbés (sak bé oob) ou caminhos brancos; um deles conduz-nos até ao cenote Xlakáh, que em maya significa “pueblo viejo”, um dos maiores e profundos encontrados até hoje no Yucatán (cenotes são rios subterrâneos exclusivos da região, que podem aflorar à superfície seja em grutas ou como se fossem lagos). O edifício mais importante é o Templo das Sete Bonecas ou Templo do Sol. Tem estes nomes porque aí se encontraram sete figuras em barro com forma humana e porque nos equinócios (21 de Março e de Setembro), quando o sol nasce, atravessa perfeitamente a porta do templo, provando a incrível precisão da astronomia maya integrada na sua arquitectura. Para aqui chegar, pode-se também apanhar um autocarro no mesmo Terminal Autoprogreso, no centro de Mérida.