A nova rota “amor-ódio” da TAP é Telavive. Amor, o destino, ódio, o voo e os horários. É que o voo são mais de cinco horas e os passageiros israelitas são os mais desobedientes que alguma vez vi – sempre em pé, o que não facilita a passagem dos carros, sempre a querer ir à casa de banho, etc. Para piorar estamos pouco mais de 24 horas lá, tempo que deveria ser dividido em dormir duas vezes (uma quando chegamos e outra antes de voltar a fazer um voo de mais de cinco horas, que sai às 3h da manhã de Portugal) e visitar qualquer coisa. E por isso há muita gente que não o quer fazer, mesmo desconhecendo o lugar – a parte do amor! Pouco vi da cidade de Telavive mas só o facto de o hotel estar em cima da praia e a água ser quente, são suficientes para o trabalho. E depois a própria cidade, que será maravilhosa, Jerusalém e toda a sua história a aproximadamente uma hora e tantas outras coisas que haverá por conhecer em Israel!
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Por isso depois de pedir lá uma estadia, fazer um barotraumatismo (uma espécie de puxão no tímpano) e não poder ir, troquei com um dos tantos colegas que não querem lá ir. Por acaso uma amiga minha ia na tripulação, por isso fizemos logo planos para ir a Jerusalém e o resto da tripulação quis acompanhar-nos!
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Para ir de Telavive para Jerusalém há várias opções, mas a mais barata é apanhar o autocarro 480 no terminal de autocarros da rua Arlozorov (para lá chegar desde o hotel onde ficamos há que apanhar o autocarro 90 até essa rua) que custa aproximadamente 6€ em cada sentido – desde o hotel até à estação de autocarros de Jerusalém, que fica a cerca de 3km da cidade velha. Para lá vai-se a pé pois no caminho encontramos o mercado de Mahane Yehuda e, já se sabe, uma das coisas a visitar, principalmente quando a cultura é tão diferente, são mercados!
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Chegámos finalmente às muralhas da cidade velha de Jerusalém, por onde entrámos pela porta de Jaffa, a mais famosa. A cidade está dividida em quatro bairros – o cristão, o muçulmano, o judeu e o arménio -, mas apenas visitámos os três primeiros. Olhámos para o mapa e vimos que a igreja do Santo Sepulcro era o ponto de interesse que se encontrava mais perto. Esta igreja é o local onde supostamente estava a gruta onde Jesus foi sepultado e onde, três dias depois ressuscitou. Logo à entrada encontramos a sua pedra tumular, venerada por tantos, que a beijam, rezam por cima dela, esfregam os seus lenços – a primeira vez que vi alguém fazer achei que estava a limpá-la lol. Tem vários espaços, espaços esses disputados pelas várias religiões. O mais impressionante é o da gruta, onde foi construída uma capela, que por sua vez está dentro da igreja. Tem um óculo no topo, por onde entra um fecho de luz que dá uma energia espectacular ao lugar. Já a fila para entrar na “gruta” é tão grande que nem tentámos. Dentro da igreja encontramos ainda o lugar onde supostamente esteve a cruz de Cristo, e outros lugares belíssimos, decorados com mosaicos e pinturas! Foi o meu lugar favorito em Jerusalém!
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Deixá-mos a igreja do Santo Sepulcro em busca da Via Dolorosa, o caminho que Jesus percorreu, com a cruz ao ombro, desde o lugar do seu juízo até à sua cruxificação – na própria igreja de onde saíamos. Pelo caminho deu-nos a fome e almoçámos (aviso desde já que comer em Israel é caro! – paguei 20€ por um kebab, uma cerveja e uma coca-cola). Foi relativamente fácil encontrar a rua que se chamava Via Dolorosa, mas dos 14 pontos históricos, só identificámos o 5º, marcado com um V na parede e um semi-círculo no chão com um pavimento diferente. Não há informação em inglês, excepto algumas pessoas a vender o “mapa” dos pontos, mas ninguém de nós quis comprar, pelo que ficámos sem perceber nada.
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Entretanto já tínhamos entrado no bairro muçulmano e notava-se bem a diferença. Aqui as mulheres andavam todas de hijab ou até de burka, minaretes espreitavam dos telhados e tudo era menos organizado.
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Chegámos então ao Muro das Lamentações, o local de peregrinação mais importante para os judeus, o mais perto do que outrora foi o Templo de Salomão. Achei o espaço já demasiado turístico, talvez por toda a praça estar em obras. Dividem o muro em duas áreas, uma para homens e outra para mulheres, mas “estragam” o espaço com cadeiras de plástico e turistas ignorantes – é que não se deve virar costas ao muro, mas há muitos a tirar selfies… com o muro atrás. Já os judeus encontram-se num transe muito emocional, choram e rezam, encostados ao muro, os homens com as kipas ou chapéus na cabeça, e os seus penteados interessantes, elas com as suas toras. Estava à espera de ouvir sussurros, lamentações, mas todos rezavam para dentro.
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Por cima/detrás do Muro encontra-se o Monte do Templo, outro dos lugares mais disputados entre religiões. Os judeus não entram lá por acharem que é um espaço demasiado sagrado e que não são dignos de entrar. Os muçulmanos construíram várias mesquitas, entre elas o Domo da Rocha, cuja cúpula de ouro se destaca. Nessas só muçulmanos podem entrar. Nós infelizmente não conseguimos subir ao Monte pois só está aberto de manhã e nós não sabíamos, mas pudemos vê-lo desde um terraço na rua Ha Kotel, que nos deixa também ver para lá das muralhas até o Monte das Oliveiras.
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Regressámos à porta de Jaffa pelo bairro judeu, bem mais cuidado e florido, e de aí para Telavive, onde ainda tivemos tempo para um mergulho no quentinho mar Mediterrâneo!
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