Muitas pessoas perguntam-me como é que eu tenho dinheiro para viajar tanto. Afinal de contas só tenho 24 anos, comecei a trabalhar este ano (e como arquitecta, todos sabemos que ganharíamos mais numa caixa de supermercado) e os meus pais não são ricos. A resposta é fácil, eu não tenho! Não é necessário muito dinheiro para viajar e estas são algumas das razões:

  1. Voos
  2. Alojamento
  3. Transportes públicos e partilhados
  4. Ir ao supermercado e cozinhar
  5. Dividir custos
  6. Evitar épocas altas
  7. Escolher bem o destino
  8. Ter noção de quanto se tem / se está a gastar

#1 Voos: Esta dica é mais para os europeus. Voar na Europa é geralmente a forma mais barata de viajar. Exemplo fácil, de Lisboa para o Porto o comboio custa 30€, o autocarro custa 18€ e a voar os preços vão desde 14,99€ (e eu até já paguei menos). Já houve tempos em que voar era extremamente barato. Eu paguei 20€ para ir do Porto a Estocolmo e voltar e 0,02€+taxas para voar de Londres para Dublin! Hoje em dia as taxas aeroportuárias subiram um pouco mas na maioria das vezes ainda é a forma mais barata de viajar. Obviamente que tem as suas desvantagens, não se pode ser tão espontâneo como com um comboio ou um autocarro, uma vez que se devem marcar os voos com alguma antecedência para que seja o mais barato possível, depois temos obviamente de pensar na nossa pegada ecológica e muitas vezes viajar por terra e ver o que está no caminho é mais interessante do que o destino em si. E uma última (possível) desvantagem, é que na maioria das vezes os aeroportos low cost não ficam dentro das cidades, por isso é necessário ver quanto custo o transporte entre o aeroporto e o destino. Às vezes essa diferença é suficiente para preferirmos uma companhia aérea “normal” e voarmos para os aeroportos principais.

#2 Alojamento: existem muitas opções para quem não quer (ou pode) pagar um hotel.

  • Ficar em casa de amigos! Conhece alguém que está de intercâmbio? Tem amigos que emigraram? Conheceu alguém super simpático na sua última viagem e trocaram contactos? Ou foi de intercâmbio e conheceu meio mundo? Não tenha medo de lhes pedir hospedagem! Ajudá-los-ia caso eles lhe pedissem guarida? Então porque é que eles não haveriam também de aceitar? Comece com esses destinos!
  • Couchsurfing: a melhor forma de conhecer pessoas locais e verdadeiramente entender como as pessoas vivem. Mas atenção, quem está a recebê-lo em sua casa estão também à espera de receber algo em troca, de aprender algo sobre a nossa cultura. Ou se calhar nem têm tempo para si, mas não se comporte como se tivesse num hotel. Leve umas lembranças do seu país, disponha de algum tempo com eles ao jantar e aproveite qualquer dica que eles tenham para oferecer! Eu não usei esta opção muitas vezes para viajar, uma vez que tenho amigos quase em todo o lado, mas já recebi imensa gente e nunca tive uma má experiência!
  • Hostels: Sempre que procuro um hostel comparo os sites Hostelworld e Hostelbookers. Se estou a viajar sozinha ou com um grupo de amigos opto por camas em dormitórios, desse modo podemos conhecer mais pessoas, não apenas aqueles com quem partilhamos quarto, mas também as pessoas que estão nos espaços comuns, uma vez que neste tipo de alojamento não passamos tanto tempo no próprio quarto. Com o meu namorado e caso a diferença de preço não seja demasiado elevada, optamos por um quarto privado. Muitos hostels têm também cozinhas comunitárias onde se pode cozinhar e desse modo também poupar no que toca à alimentação.
  • Airbnb: Se vai ficar num sítio por um longo período ou se está a viajar com um grupo, vale a pena! Uma das vantagens é que num hostel, quando se fica num dormitório, o preço é por cama, independentemente do número de pessoas o preço é aquele, enquanto que no Airbnb, se a casa tiver camas para quatro pessoas, mais um sofa cama, custa o mesmo para quatro que para seis pessoas, logo pagamos menos. É também óptimo uma vez que, ao alugar um apartamento inteiro, pode-se cozinhar em “casa” e poupar assim dinheiro.

#3 Transportes públicos e partilhados: há cidades pelo mundo que têm bilhetes diários ou semanais que de facto compensam, há outros lugares onde é possível fazer tudo a pé, e há ainda outros onde a forma mais barata é comprar bilhete a bilhete. De qualquer forma os transportes públicos são sempre o modo mais barato de mover-se dentro de uma cidade. Se vai viajar entre um local e outro que não estão muito bem conectados ou onde as conexões não são vantajosas em termos de preços ou “escalas”, aqui ficam algumas dicas.

  • BlaBlaCar: um site de organização de boleias. Imagine que está em Rennes e vai de carro até Beauvais para apanhar um voo. Ainda tem três lugares vazios no carro e sabe que para lá chegar de autocarro teria de ir de Rennes a Paris, apanhar o metro para mudar de terminal de transportes e de aí tomar o autocarro para o aeroporto de Beauvais. Certamente haverá gente à procura de boleia! Só tem de colocar o circuito na aplicação, as pessoas “inscrevem-se” e assim poupa dinheiro, tal como quem se inscreveu vai gastar menos dinheiro e tempo para chegar ao mesmo sítio. Este é um exemplo de uma viagem minha no Verão de 2016. E até pode fazer amigos desta maneira!
  • FlixBus: Infelizmente estes autocattos ainta não chegaram a Portugal mas é uma forma óptima de viajar no centro da Europa. Todos os autocarros são bastante baratos, têm óptimos horários, até durante a noite – desse modo pode-se dormir no autocarro e poupar dinheiro de uma noite de alojamento. Há outras companhias como a  Eurolines e a GoEuro, mas nunca as experimentei.
  • Evite transportes de agências “de porta a porta”, vai custar dez vezes mais que o autocarro local que faz o mesmo trajecto. Informe-se antes de marcar este tipo de transportes!
  • Peça boleia! Esse é o modo mais barato. Eu nunca o fiz, se o considera significa que é mais corajoso que eu!

#4 Ir ao supermercado e cozinhar: Quando não se está em casa é mais fácil gastar rios de dinheiro em restaurantes, especialmente quando se fica num hostel que nem sequer pequeno almoço inclui. Geralmente estes lugares têm cozinhas partilhadas onde se pode cozinhar. E caso não tenham, tente só fazer uma das refeições em restaurantes e prepare algo como uma sandwich ou uma salada e faça um picnic no meio do passeio. Mas permita-se sempre a provar algo típico, não vá para o outro lado do mundo comer apenas o que come em casa!

#5 Dividir custos: É bom às vezes viajar sozinho mas é definitivamente mais barato viajar em grupo. Um quarto duplo pode ser mais barato por pessoa que uma cama num dormitório. Cozinhar para dois ou mais não custa o dobro que cozinhar para um. Se quer alugar um carro fica muito mais barato se for em grupo, tal como apanhar um taxi, que poderá ser mais barato que quatro bilhetes de autocarro. E se viaja sozinho fale com outros turistas sobre os seus planos. Pode ser que eles tenham os mesmos e poderão ir juntos e dividir custos desse modo!

#6 Evitar épocas altas: Esta dica é um pouco óbvia e se tem filhos que só têm férias no Natal, Páscoa e Verão não será fácil. Mas se pode tirar férias em qualquer altura, quando e porque é mais barato viajar para cada destino e marque a sua viagem! Bónus, não terá o destino cheio de turistas! Geralmente as alturas mais baratas para viajar são imediatamente a seguir à época alta. A Momondo tem um trip finder que mostra quais os meses mais baratos e mais caros para viajar para o destino escolhido. À excepção de quando realmente quer ir a um lugar porque há um certo evento a acontecer. Nesse caso a melhor forma de poupar é marcar a viagem o mais cedo possível!

#7 Escolher bem o destino! Se não tem muito dinheiro não sonhe em visitar o Japão ou a Noruegas este ano ou em fazer um safari em África. Há muitos países como a Índia, o Cambodja e a maioria da América do Sul onde 1€ é mais do que suficiente para uma refeição inteira. Escolha o seu destino de acordo com o orçamento. Se está a fazer uma longa viagem e ainda assim quiser visitar países mais caros, faça-o mas tente passar menos tempo nesses sítios e mais tempos em lugares onde viver custa menos.

#8 Ter noção de quanto se tem / se está a gastar: é muito importante saber de antemão quanto se está disposto a gastar numa viagem. Se criar um excel, como eu tenho um anual, e o dividir por categorias (transportes, restaurantes, cultura, etc.) poderá ter noção de quanto está a gastar, comparar com o orçamento e ir-se adaptando. Claro que pode chegar a um lugar e descobrir que algo custa muito mais do que realmente pensou, deve fazê-lo de qualquer maneira uma vez que não sabe se terá a oportunidade de voltar… mas tente informar-se antes de lá chegar porque não saber quanto custam as coisas é o primeiro passo para surpresas desagradáveis na sua conta bancária.

É óbvio que algumas vezes é muito difícil poupar dinheiro mas estas são apenas algumas dicas de como o fazer! Se tem mais alguma, comente em baixo!