Há seis anos que estava para visitar Saragoça, já que o meu grande amigo e companheiro de viagem pelo sul do México e Guatemala, José, lá vive. Finalmente os nossos calendários se alinharam e eu pude passar três dias a explorar Saragoça e o resto da semana noutras cidades das redondezas (Tarazona, Teruel e Cuenca). Este post contém dicas do que ver em Saragoça, em três dias.
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Apanhei um autocarro nocturno para Madrid e daí outro para Saragoça. Trinta e seis euros e quinze horas depois chegava à capital de Aragón. Fomos de autocarro para casa do José, onde almoçámos e já (para mim) tarde, saímos a passear pela cidade. Por muito que esteja habituada a diferenças culturais, acho que nunca me vou habituar à siesta espanhola. Isto de tudo parar aí até às 17h faz-me alguma confusão e não me deixa aproveitar as cidades como gosto, assim quase sem parar, sem gastar horas a comer, que nas cidades espanholas nos “obrigam” a fazer.
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O José é historiador de arte e é uma delícia visitar uma cidade com ele, porque ele nos conta tudo o que sabe e o que não sabe (com ajuda da internet). Descemos a pé até ao Casco Antiguo, passando pela bonita e histórica Basílica de Santa Engracia.
O Palácio da Aljafería, Património Mundial da UNESCO, é o único testemunho conservado de um grande edifício da arquitectura islâmica espanhola da época das Taifas. Depois da reconquista de Saragoça, em 1118, passou a ser residência dos reis cristãos de Aragão, e converteu-se no principal foco difusor do mudéjar aragonês. Foi utilizada como residência régia, inclusive dos Reis Católicos, em 1492. Cem anos depois foi transformada em fortaleza militar, segundo desenhos renascentistas (que hoje se podem observar no seu entorno, fosso e jardins). Sofreu reformas contínuas, e grandes danos, sobretudo com o Cerco de Saragoça, na Guerra da Independência Espanhola, até que finalmente foi restaurada na segunda metade do século XX e actualmente acolhe as Cortes de Aragão.
As suas muralhas protegem um lindíssimo pátio, que nos faz viajar imediatamente para o norte de África. De profusa decoração, que o passar do tempo tornou monocromática, continuamos para as várias salas do palácio, cujo maior interesse são os tectos!
Ainda havia luz, pelo que fomos até à Igreja de San Pablo, onde tivemos direito a uma visita guiada por um colega de curso do José. Esta igreja, embora pequena, é das mais importantes de Saragoça, por ser um dos monumentos mais representativos da Arquitectura Mudéjar de Aragón, e por isso a UNESCO a declarou Património da Humanidade, em conjunto com a sua torre, que só se pode subir com guia, e de onde se tem uma vista 360º incrível da cidade!
Mais uma vez, terminámos o passeio na Ponte de Piedra, desta vez já de noite e com a Basílica de Nossa Senhora do Pilar iluminada. Pelo caminho passámos pelo Mercado Central de Saragoça, pelas Muralhas Romanas e pela Praça de Nossa Senhora do Pilar, com os dois templos mais importantes da cidade e o Museu dos Fóruns, agora com o alabastro iluminado.
Bebemos ainda um copo no Tubo, bairro famoso pelos bares de tapas.
A visita à Seo inclui também um audio-guia, bastante completo, que nos conta a história, desde o fórum romano, à mesquita de Saraqusta, cujo minarete ainda se encontra parcialmente integrado na torre, até à descrição, capela a capela. O interior é super rico e contrastante com o exterior mudéjar e cada nicho tem mais detalhe que a anterior! O Museu dos Tapetes é também único e imperdível, explicado com o mesmo audio-guia. Sem dúvida o que mais gostei de visitar em Saragoça! Já a vista panorâmica, gostei mais da do dia anterior, em San Pablo, talvez pela diferença de luz.
Já o Museu Provincial foi uma desilusão. A exposição muito mal distribuída, poucas peças, sem grande interesse, ainda bem que era grátis!
E assim, voltámos a casa, jantámos e preparámo-nos para a nossa excursão no dia seguinte a Tarazona, uma bonita e pequena cidade, com uma catedral incrível, a cerca de 90km de Saragoça.