Há seis anos que estava para visitar Saragoça, já que o meu grande amigo e companheiro de viagem pelo sul do México e Guatemala, José, lá vive. Finalmente os nossos calendários se alinharam e eu pude passar três dias a explorar Saragoça e o resto da semana noutras cidades das redondezas (Tarazona, Teruel e Cuenca). Este post contém dicas do que ver em Saragoça, em três dias.

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Apanhei um autocarro nocturno para Madrid e daí outro para Saragoça. Trinta e seis euros e quinze horas depois chegava à capital de Aragón. Fomos de autocarro para casa do José, onde almoçámos e já (para mim) tarde, saímos a passear pela cidade. Por muito que esteja habituada a diferenças culturais, acho que nunca me vou habituar à siesta espanhola. Isto de tudo parar aí até às 17h faz-me alguma confusão e não me deixa aproveitar as cidades como gosto, assim quase sem parar, sem gastar horas a comer, que nas cidades espanholas nos “obrigam” a fazer.

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O José é historiador de arte e é uma delícia visitar uma cidade com ele, porque ele nos conta tudo o que sabe e o que não sabe (com ajuda da internet). Descemos a pé até ao Casco Antiguo, passando pela bonita e histórica Basílica de Santa Engracia.

Quando olhamos para Saragoça em vista aérea é muito fácil identificar onde se encontravam as muralhas da cidade romana de Caesaraugusta. Por aí entrámos até à Praça de Nossa Senhora do Pilar, onde se encontra a lindíssima e imponente Basílica com o mesmo nome, a Câmara Municipal, o Museu do Fórum de Ceasaraugusta, com a sua incrível fachada em alabastro, especialmente bonita à noite, e a Catedral do Salvador, também conhecida como Seo. Esta última foi a minha favorita, com a sua impressionante fachada lateral mudéjar, contrastando com a fachada barroca. É aqui também que se encontra o Museu de Tapetes, que visitaríamos dois dias depois.
Não poderíamos fechar este primeiro dia sem ir até à Ponte de Piedra, de onde podemos apreciar a vista mais famosa desta cidade, com a Basílica de Nossa Senhora do Pilar e o rio Ebro.Terminámos no pitoresco bairro da Magdalena, com uma caña, antes de voltar para casa, para jantar.
O segundo dia começou com uma peripécia. Íamos visitar o Palácio da Aljafería, a reflexão do esplendor alcançado pela Taifa de Saragoça no momento do seu máximo apogeu político e cultural. Tínhamos reserva para as 11h, saímos de casa apressados para chegar a horas, chegámos. Dirigimo-nos à bilheteira para trocar a reserva online pelo bilhete físico e descobrimos que o José tinha feito reserva para três dias depois, em vez daquele bonito dia de Outubro… Mudámos então a nossa reserva para a tarde, sem direito a visita guiada, como gostaríamos, e dirigimo-nos ao bairro que recebeu a Expo de Zaragoza, em 2008. O que eu queria mesmo ver era o Pavilhão-Ponte, da arquitecta Zaha Hadid, que infelizmente estava fechado, para obras de recuperação estrutural. Pelo caminho vimos o Palácio de Congressos, a Torre del Água (de momento sem uso) e os edifícios que recebiam as várias delegações, e que hoje em dia são usados como edifícios de escritórios e como Campus de Justiça, tal como acontece como a nossa Expo 98. A exposição tinha como tema “Água e desenvolvimento sustentável” e o bairro foi construído ao longo do Ebro, o que permite também um belo passeio à beira-rio.
Tínhamos de fazer horas para visitar a Aljafería e de qualquer forma ia tudo fechar para a siesta, pelo que fomos comer umas tapas e beber o típico vermute para a Casa Martana, um daqueles sítios cheios de locais, onde a comida é óptima e super acessível! Ainda deu tempo para nos deitarmos um pouco no relvado à volta do Palácio, antes de entrarmos, às 16h.

O Palácio da Aljafería, Património Mundial da UNESCO, é o único testemunho conservado de um grande edifício da arquitectura islâmica espanhola da época das Taifas. Depois da reconquista de Saragoça, em 1118, passou a ser residência dos reis cristãos de Aragão, e converteu-se no principal foco difusor do mudéjar aragonês. Foi utilizada como residência régia, inclusive dos Reis Católicos, em 1492. Cem anos depois foi transformada em fortaleza militar, segundo desenhos renascentistas (que hoje se podem observar no seu entorno, fosso e jardins). Sofreu reformas contínuas, e grandes danos, sobretudo com o Cerco de Saragoça, na Guerra da Independência Espanhola, até que finalmente foi restaurada na segunda metade do século XX e actualmente acolhe as Cortes de Aragão.

As suas muralhas protegem um lindíssimo pátio, que nos faz viajar imediatamente para o norte de África. De profusa decoração, que o passar do tempo tornou monocromática, continuamos para as várias salas do palácio, cujo maior interesse são os tectos!

Ainda havia luz, pelo que fomos até à Igreja de San Pablo, onde tivemos direito a uma visita guiada por um colega de curso do José. Esta igreja, embora pequena, é das mais importantes de Saragoça, por ser um dos monumentos mais representativos da Arquitectura Mudéjar de Aragón, e por isso a UNESCO a declarou Património da Humanidade, em conjunto com a sua torre, que só se pode subir com guia, e de onde se tem uma vista 360º incrível da cidade!

Mais uma vez, terminámos o passeio na Ponte de Piedra, desta vez já de noite e com a Basílica de Nossa Senhora do Pilar iluminada. Pelo caminho passámos pelo Mercado Central de Saragoça, pelas Muralhas Romanas e pela Praça de Nossa Senhora do Pilar, com os dois templos mais importantes da cidade e o Museu dos Fóruns, agora com o alabastro iluminado.

Bebemos ainda um copo no Tubo, bairro famoso pelos bares de tapas.

No terceiro e último dia a visitar Saragoça, começámos pela Seo, a Catedral do Salvador, com a fachada mudéjar por que me apaixonara dois dias antes. É também aqui que se encontra o Museu dos Tapetes, incluído no bilhete para a Catedral. E por apenas 1€ mais é possível subir ao Mirador da Torre da Basílica del Pilar.

A visita à Seo inclui também um audio-guia, bastante completo, que nos conta a história, desde o fórum romano, à mesquita de Saraqusta, cujo minarete ainda se encontra parcialmente integrado na torre, até à descrição, capela a capela. O interior é super rico e contrastante com o exterior mudéjar e cada nicho tem mais detalhe que a anterior! O Museu dos Tapetes é também único e imperdível, explicado com o mesmo audio-guia. Sem dúvida o que mais gostei de visitar em Saragoça! Já a vista panorâmica, gostei mais da do dia anterior, em San Pablo, talvez pela diferença de luz.

O facto de tudo fechar à hora de almoço, dava-nos também a oportunidade de ir até casa almoçar e descansar um pouco, antes de voltar a sair à tarde. A caminho do Museu Provincial de Saragoça, passámos pelo Pátio da Infanta, na Fundação IberCaja. Este pátio é um conjunto renacentista aragonês do século XVI, que chegou a certo ponto da sua história, a ser desmontado e montado tal e qual, em Paris. Também nele era possível visitar uma pequena colecção de tapetes.

Já o Museu Provincial foi uma desilusão. A exposição muito mal distribuída, poucas peças, sem grande interesse, ainda bem que era grátis!

Já tinha estado duas vezes na Praça de Nossa Senhora do Pilar e uma dentro da Basílica, no primeiro dia, mas estava muito escuro, pelo que prometi voltar mais tarde para fotografar. Foi a última coisa que fiz em Saragoça. A basílica é estranha, tem duas entradas, uma que dá acesso ao altar principal, mas que tem missas de hora a hora, o que deixa uma pequena janela para se poder visitar sem que esteja a decorrer o culto. E outra que dá acesso à Santa Capela, um lindíssimo exemplo de barroco, onde, por trás, podemos encontrar o famoso Pilar e a Virgem, símbolo de toda a Hispanidad (conjunto de países e povos de língua e cultura hispânicas). Esta basílica é, por isso, uma espécie de Vaticano do mundo hispânico, um lugar de peregrinação e culto, associado a vários milagres.

E assim, voltámos a casa, jantámos e preparámo-nos para a nossa excursão no dia seguinte a Tarazona, uma bonita e pequena cidade, com uma catedral incrível, a cerca de 90km de Saragoça.

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