O Daniel tem 37 anos e vive em Phnom Pehn há 3 anos, sendo que ainda esteve lá a fazer voluntariado durante seis meses em 2011, experiência que adorou, uma das razões que o fizeram querer voltar. Trabalha como professor universitário / orientador académico na capital do Camboja e apareceu no programa da RTP, Portugueses pelo Mundo, no episódio sobre esta cidade.

Antes de mais, porquê Phnom Pehn?

A minha decisão de mudança é uma longa história que pode ser resumida em três pontos:

  • Já tinha feito voluntariado aqui em 2011 e adorei a experiência, senti-me identificado com a cultura e a personalidade do país e estabeleci como meta “voltar um dia”;
  • As condições e (falta de) opções de empregabilidade que conseguia encontrar em Portugal não eram as que eu considerava como adequadas para mim;
  • Na minha experiência de seis meses como voluntário no Camboja, apercebi-me do potencial de crescimento e da necessidade de recursos humanos qualificados do país.

Que expectativas tinhas da cidade e do país antes de chegar? A realidade é parecida com essas expectativas?

Já cá tinha estado em 2011, mas num contexto completamente diferente, com ONGs europeias e khmer a darem suporte, inserido num grupo de voluntários, com estadias, seguros, tudo tratado. Desta vez vinha por minha conta, estava literalmente do outro lado do mundo com 2000 euros no bolso e um regresso a Portugal daí a 6 meses, e isso dava-me uma sensação de liberdade do caraças, mas ao mesmo tempo vinha com um certo receio de ter dourado as memórias ou de o país ter mudado. Resumidamente esse era o cenário quando aterrei no Camboja em 2014. Passados 3 anos, posso dizer que o país me acolheu com uma gentileza comovedora e que nesta fase sinto que superei os meus objetivos e atingi os meus sonhos completamente na mouche.

Do que mais gostas em Phnom Penh?

As pessoas, o clima, a paisagem e a liberdade.

E do que menos gostas?

Do trânsito. As horas de ponta são cada vez mais caóticas, é uma cidade a crescer muito rápido!

Como caracterizas os cambojanos?

São o que se diz por aí: amáveis, respeitosos, curiosos, prestáveis, com um excelente coração na maioria do que conheço. É difícil imaginá-los a estoirar bebés contra árvores há umas décadas atrás durante o regime do khmer rouge!

Como é um dia normal para ti aí?

Depende! Se for semana, por volta das 9 ou 10 da manhã vou dar uma volta de bicicleta pela cidade, parando em sítios de rua para beber coco ou cana de açúcar (não me farto destas ofertas tropicais!), passo pelos mercados de rua se tiver que comprar fruta (tropical) ou qualquer coisa. Depois almoço, tomo banho e vou dar aulas (normalmente entro às 14h e saio às 17h). Se for sexta vou para os copos, se for entre a semana venho para casa.

Aos fins de semana, gosto de divagar por aí de mota, sair da cidade, ver o “country side”, as zonas indígenas, ou apanhar o autocarro para a zona da costa, para as ilhas se tiver mais tempo, como Kep ou Kampot ou ainda outras províncias aqui ao lado, tipo Kirirom ou Oudong.

Se alguém fosse visitar Phnom Penh e só tivesse 3 dias o que sugerias ver e o que comer e onde?

Visitar os mercados Russo, Central ou qualquer outro. Para ver, comer e comprar recuerdos… uma refeição custa por volta de 2$USD.

Não se pode perder a zona do rio, onde estão a maioria das guest houses, bares e restaurantes. O Palácio Real, o Museu Nacional e o mercado nocturno são pontos a visitar nessa área. Pode-se dar um passeio à beira rio ou beber um copo numa guesthouse, com piscina no topo com vista para os rios Sap e Mekong, ou alugar um barco por umas horas para descer um dos rios. É também a zona das happy pizzas (com erva), e como em todas as zonas turísticas onde estão a maioria de pedintes, o turismo sexual e a venda de drogas variadas. Aqui as refeições custam entre 3$ a 6$USD, uma garrafa de água de 1,5l entre 50 cts a 2$USD, uma cerveja pode ir de 50 cts a 1,5$USD e os cocktails vão de 1,5$ a 4$USD.

Outras actividades de interesse são ver o pôr do sol no Independence Monument, ir à Diamond Island, andar de tuk tuk ou riquexó pela cidade e claro, interagir com os locais.

Para os mais fortes, ou para quem gosta de cenas mais pesadas, o Toul Sleng Museum e os Killing Fields são dois sítios bons para aprender mais sobre a história do Camboja nos seus tempos mais negros.

Tens algumas dicas para nos oferecer de como poupar dinheiro em Phnom Penh?

Phnom Penh é a 3ª capital mais cara do sudoeste asiático, mas mesmo assim é mais barata que Portugal, por exemplo. Consegue-se poupar se comprarmos nos mesmos sítios que os locais, se soubermos regatear (peçam sempre discount) e estando preparados para lidar com USD e Riels em simultâneo. Um budget diário pode ir de 15$ a 150 $USD, com estadia e comida, tudo depende do que se procura.

 

Qual a maior “tourist trap” da cidade?

Não há assim grandes esquemas, o máximo que pode acontecer é roubo por esticão.

Em que zonas da cidade devemos procurar hospedagem e porquê?

A zona do rio é a mais turística, com hospedagem média em 8$ a 12$USD\noite. Depois há outras zonas, como Wat Lanka e algumas guest houses dispersas pela cidade, quase sempre com piscina e um ambiente mais cuidado, que custam entre 20$ a 40$USD\noite.

Quais os melhores locais para sair à noite?

Zona do rio outra vez, a rua 51, o bairro de Wat Lanka e Bassac Lane.

Qual o teu lugar preferido (bairro, edifício, café, livraria…) ou actividade preferida?

Gosto de descobrir coisas novas…. Tenho sítios que gosto se forem movimentados ou com o elemento água presente, mas vou sempre variando. Ultimamente tenho ido a uma esplanada mexicana que serve umas frozen margaritas em frente ao rio por apenas 1,5$USD.

O que responderias se alguém te perguntasse “Não se pode sair de Phnom Penh sem…?”

Beber um copo em qualquer lado com movimento e ver as coisas a acontecer.

Obrigada Daniel e espero poder visitar-te em breve!