Uma das certezas que tínhamos quando decidimos ir a Moçambique é que iríamos ao Kruger National Park, na vizinha África do Sul. Sabíamos que queríamos ficar mais de um dia no parque, dormir dentro do parque e não nos hotéis perto das portas e não queríamos ser nós a conduzir pois achávamos que quem tivesse de conduzir não iria estar tão atento aos animais pois teria de estar atento à estrada. Contactámos várias agências que partiam de Maputo e a Africa Kruger Tours, do Nelson Cruz, foi a que nos apresentou a proposta mais interessante: três dias de safari, uma noite em Olifants, outra em Mopani, restcamps no norte do parque onde a maioria das pessoas não chega, onde a vegetação é mais rasteira e assim mais fácil encontrar animais. A experiência com o Nelson foi absolutamente fantástica, ele vê tudo, desde as formigas e caracóis na estrada ao leão do outro lado do rio ou o leopardo a caminhar à sombra!
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Saímos de Maputo às 5h da manhã e cerca de duas horas depois chegávamos ao parque, já depois de ter atravessado a fronteira e levantado algum dinheiro para ter dentro do parque, apesar de não ser necessário pois é possível pagar com cartão em todo o lado. Começámos logo a ver impalas, depois elefantes, muitos elefantes, girafas, zebras e gnus (ou bois-cavalo, que andam sempre perto das zebras pois estes não têm tanta noção do perigo então seguem-nas a elas e imitam-nas caso haja um predador). Muita passarada, as nossas favoritas as perdizes de cabeça vermelha, também conhecidas por Marias-Malucas, pois atravessam a estrada à louca, mesmo à frente dos carros, mas também as galinhas-da-índia ou os pássaros que catam as girafas e que parecem pinguins de olhar louco. Hipopótamos, escaravelhos do cocó e espécies novas como a cabra-de-água. Um dos grandes objectivos quando se faz um safari é ver os big 5 (elefante, búfalo, leão, rinoceronte e leopardo) e nós ainda não imaginávamos que íamos vê-los a todos logo no primeiro dia, rinocerontes logo quatro incluindo um bebé, leopardos, que são os mais difíceis, vimos dois, leão só vimos a silhueta de um ao longe e já a chegar ao rest camp vimos finalmente búfalos! Tomámos o pequeno almoço no rest campo Lower Sabie, o nosso rest camp favorito dos que visitámos – o restaurante é maravilhoso, a vista melhor, e era o único a que fomos que tinha wifi (infelizmente como este foi o primeiro achámos que ia ser assim em todos os rest camps e depois ficámos desiludidas com a célebre frase da minha irmã “Onde é que já se viu, um safari sem wifi?”). Vimos também kudus, o animal de hastes torcidas que é o logotipo do parque, répteis e abutres, javalis Pumba, pássaros Zazu (vejam o Rei Leão se não sabem do que estou a falar) e hienas. Paisagens incríveis, áridas, vegetação diferente, embondeiros gigantes. Já a chegar ao rest camp de Olifants estava uma matilha de cães do mato (também conhecidos por mabecos), super difíceis de ver pois só há 120 em todo o parque! Este primeiro dia foi marcado por um calorão de mais de 35ºC e quando chegámos ao hotel, já depois do pôr-do-sol, ainda se deu um mergulho na piscina 😉
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O segundo dia de Kruger começou também às cinco da manhã para aproveitar bem as horas mais frescas do dia, quando os animais estão mais activos. Choveu toda a noite e parte do dia, pelo que a paisagem mudou muito – nos rios secos do dia anterior começava a correr um fio de água e a água atrai vida. Ainda assim a chuva reduz a visibilidade. Neste dia atravessámos o Trópico de Capricórnio e vimos novos animais: macaquinhos, cegonhas coloridas, águias e marabus entre tantas outras aves, um porco-espinho bebé super fofo, crocodilos e o expoente máximo do dia: um leão a retirar um búfalo já meio comido do rio e a arrastá-lo margem acima para trás de uns arbustos para comer descansado, enquanto outro leão se aproximava e esperava a sua vez para comer! Fazer um safari é incrível mas também significa muito tempo à procura, às vezes sem ver nada, sempre sentadas dentro do carro pois são poucos os lugares onde se pode sair – lugares que a minha mãe aproveitava sempre para sair pois é uma pessoa que não aguenta muito tempo sem se mexer. Apesar de não estar calor, quando voltámos ao rest camp de Mopani onde tínhamos tomado o pequeno almoço e íamos dormir, a minha mãe ainda deu um mergulho na piscina.
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No terceiro dia de Kruger tínhamos de fazer todo o caminho desde Mopani até Crocodile Bridge (cerca de 250km a no máximo 50km/h) e daí de volta a Maputo. Mas com o Nelson não se desperdiça nem um minuto de safari, pelo que apesar de termos saído às 5h da manhã, só saímos do Kruger pouco antes das 18h30, hora a que fecha. Neste dia voltámos a visitar quase todos os rest camps para sul – o nosso favorito para souvenirs sem dúvida o de Satara, para comer o Lower Sabie, onde almoçámos, finalmente com internet, e tivemos um espectáculo maravilhoso de despedida: ao pé do rio, mesmo à nossa frente, um elefante, hipopótamos e búfalos dentro de água e babuínos a saltar a cerca electrificada. Mas a manhã começou com a mesma família de hienas com que terminámos o dia anterior. As hienas são uma espécie matriarcal, as fêmeas são maiores e mandam e os machos é que acordam os filhotes, dão-lhes banho, etc. enquanto as mães dormem. De animais novos só vimos avestruzes, babuínos e percebemos porque é que os macaquinhos que tínhamos visto no dia anterior são conhecidos como macacos-azuis (vejam as fotos!). Quanto mais para sul, mais nos aproximávamos da bonita tempestade, via-se a chuva a cair ao longe e logo sobre nós, com o sol baixo e zebras contra-luz no horizonte. Do lado oposto um arco-irís duplo! Maravilhoso!
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Faltou ver chitas! Agradeço a quem chegou ao fim do mais longo post de sempre! E vão ao Kruger, é a melhor coisa de sempre! E vão com o Nelson, vale totalmente a pena o preço, como viram vimos de (quase) tudo e se não fosse ele, não tínhamos visto nem metade!