Último post de Moçambique, o post sobre Maputo, a capital. Nesta viagem Maputo foi como um lugar de passagem, primeiro a caminho de Pemba, depois entre a Ilha de Moçambique e o Kruger, com a chegada da Clara, e finalmente uns últimos dias antes de regressar a Lisboa. Estávamos com família, pelo que o tempo na cidade tinha de ser dividido entre visitar as atracções de Maputo e passar tempo com a família. Assim faço uma compilação, por ordem do que vimos e não por ordem de importância, das coisas que há para fazer por Maputo.

Bairro da Polana: Igreja de Santo António da Polana e Hotel Polana

A casa das primas onde ficámos é no bairro da Polana, com vista para a igreja. Este era também um dos edifícios que eu mais ansiava visitar. De arquitectura modernista, foi desenhada pelo arquitecto Nuno Craveiro Lopes e construída em 1962. É popularmente conhecida como o “espremedor de laranjas” pela sua forma peculiar, que tanto me faz lembrar a arquitectura do mestre Oscar Niemeyer. A entrada é através do seminário ao lado, pela Rua Luis Pasteur – não há nenhuma indicação que é aí, é só bater à porta no grande portão da garagem.

Já o Hotel Polana é um cenário das muitas histórias dos meus avós, que costumavam ir para a piscina do hotel quando saíam da escola. É o hotel mais antigo e luxuoso de Maputo, construído em 1922, debruçado sobre a baía de Maputo. Aqui a minha mãe ficou decepcionada com o tamanho da piscina, imaginava-a maior. Aproveitámos para pedir duas cervejas Txilar, enquanto esperávamos pela nossa prima, e para além de não estarem frescas, custaram os olhos da cara – por coincidência os dois sítios onde fomos pior servidas e mais pagámos foi nos hoteis Polana e Cardoso. Não tenho muitas fotografias do hotel porque me vieram dizer que era proibido tirar fotografias com uma câmara profissional…

FEIMA – Feira de Artesanato, Flores e Gastronomia de Maputo

Na Avenida Mao Tsé Tung com a Avenida dos Mártires da Machava e Avenida Armado Tivano encontra-se a FEIMA, o mais bonito e completo mercado de artesanato que vimos no país. Muitas capulanas já transformadas, estatuetas de madeira e pedra, cestos e malas pendurados nas árvores, centenas de batiks e outros panos pintados, encontra-se de tudo para todos os gostos. Obviamente que como em qualquer país de África os preços não estão marcados e há espaço para regatear, o que faz com que nós, branquelas com super ar de turista, somos facilmente enganadas – fomos à FEIMA no nosso primeiro dia e comprámos um vestido de capulana por 1500mts, voltámos lá quando a minha irmã chegou e ela pagou 900mts pelo mesmo… Dentro da FEIMA há também uma zona com flores, alguns cafés onde é possível comer qualquer coisa e até um grande parque infantil.

Clube Naval

Em Maputo o clima é um pouco incerto, pois é muito influenciado pelos ventos africanos e nos dois primeiros dias que estivemos em Maputo, apanhámos uma onda de calor tal que a única forma de se estar bem era dentro de água! As praias de Maputo não são ideais para banhos, pelo que nos sobram as piscinas. Quase toda a gente que conhecemos em Maputo é membro do Clube Naval, do qual os meus avós e bisavós também eram membros, e estes podem levar visitas com eles para a piscina durante a semana. No Clube há também dois restaurantes, onde qualquer pessoa pode entrar, e muita criança a ter aulas de natação. Fica na Av. Marginal.

Estação de Caminhos de Ferro

A estação de comboio de Maputo é um importante ponto de ligação com os países vizinhos e uma pérola de arquitectura colonial. O edifício actual foi construído entre 1913 e 1916, mas o apeadeiro já existe desde 1895. É considerada uma das estações ferroviárias mais bonitas do mundo e a mais bonita de África – não a achei assim tão formidável, mas ok… Dentro da estação encontra-se o Museu dos Caminhos de Ferro, mas está fechado à 2ª feira, obviamente o dia em que o tentámos visitar… À frente da estação encontra-se a Praça dos Trabalhadores, onde se encontram milhares de pessoas à espera dos machibombos (autocarros) ou chopelas (carrinhas) e obviamente todo o comércio informal associado.

Catedral de Maputo, Centro Cultural Franco-Moçambicano, Casa de Ferro e Jardim Tunduru

Na Baixa de Maputo é onde encontramos grande parte das atracções turísticas da cidade. Infelizmente é também uma das zonas menos seguras da cidade e por isso a nossa família não nos deixava ir lá sozinhas, muito menos com a câmara. Tivemos quase de implorar para sair do carro e visitar a belíssima Catedral de Maputo, ao lado da Praça da Independência com uma grande estátua de Samora Machel, o primeiro presidente de Moçambique.

Do outro lado da rua encontra-se o Centro Cultural Franco-Moçambicano, um edifício em ferro totalmente colonial que alberga exposições, uma loja de artesanato, e tem ainda espaços para concertos e espectáculos. Mais abaixo a Casa de Ferro, desenhada por Gustav Eiffel, um edifício pré-fabricado que foi transferido da Bélgica em 1892 para alojar a residência do governador-geral. Aí encontra-se a entrada para o Jardim Tunduru, o jardim botânico da cidade, que infelizmente não visitámos pois havia uma praga de mosquitos na cidade, depois das fortes chuvadas da semana anterior, e as nossas primas acharam que não seria recomendável…

 

Mercado Municipal e Casa Pandia

Assim que a minha irmã chegou a Moçambique a sua maior “ambição” era ir ao mercado. Finalmente fomos, mas o mercado não era o que eu imaginava, era muito mais organizado, todos os vendedores com uma bata igual e não aquela confusão de África. Ainda por cima a luz do mercado era péssima para fotografias 😛 comprámos amendoins, cajus, fruta e especiarias e continuámos pelo mercado informal das ruas de Maputo até à Avenida Samuel Mangaia para ir à Casa Pandia, uma casa de capulanas. A mais famosa é a Casa Elefante, mesmo à frente do mercado, mas estava fechado e também nos tinham recomendado esta. Na verdade nesta rua há várias lojas só de capulanas e também na rua vendem e arranjam capulanas no momento. A casa Pandia tem todo o tipo de capulanas e quando digo todo o tipo é todo o tipo: políticas, religiosas, com todo o tipo de padrões e cores, perdemo-nos no mundo das capulanas! Conselho: levem as medidas das coisas que querem para saber quantas capulanas comprar – eu só comprei uma para uma toalha de mesa e fica curta por 5cm…

Fortaleza de Maputo

A fortaleza de Maputo só tem o aspecto que tem hoje desde 1946. Antes de ser de pedra foi de madeira e teve várias formas uma vez que este território foi muito disputado entre holandeses, ingleses, franceses, portugueses e provavelmente outros. Hoje em dia é uma espécie de museu com entrada paga – apenas uma contribuição, cada um escolhe quanto dar – onde se encontra a estátua equestre de Mouzinho de Albuquerque, que se encontrava onde agora está a estátua de Samora Machel, os restos mortais de Ngungunhane, o último imperador de Gaza, feito prisioneiro pelo mesmo Mouzinho e exilado nos Açores, e ainda uma exposição super interessante da história de Moçambique em pequenas esculturas de madeira.

Piscina do Hotel Cardoso

Mais um dia de calor na cidade, mais uma piscina a explorar. Como já tínhamos ido ver a do Hotel Polana e nos tinham dito que o acesso deveria ser bem caro, decidimos ir ao hotel Cardoso, outro hotel de luxo dos tempos coloniais, com vista para a baixa e a foz do rio Maputo. A entrada para a piscina custa 950mts (~14€) por pessoa e dão-nos uma pulseira que nos permite entrar e sair do hotel. Infelizmente nós optámos por almoçar lá pelo bar da piscina por ser mais prático, pior experiência gastronómica de toda a viagem…

Museu de História Natural

Do lado oposto da rua do Hotel Cardoso está o edifício neo-manuelino que alberga o Museu de História Natural. Este museu contém uma coleção única de fetos de elefante, embora seja também um testemunho de uma atrocidade que aconteceu durante a guerra colonial: a limpeza de vida selvagem de enormes áreas. Assim, todos os animais que vemos no museu são animais empalhados dessa altura – e obviamente os fetos de elefantes foram retirados das suas mães mortas grávidas. Apesar de se notar bastante que todas as peças do museu são bastante antigas e já necessitavam um restauro, vale totalmente a pena visitar o museu.

Ruas de Maputo

Uma das coisas a explorar em Maputo são os seus mercados informais de rua, explorar a arquitectura já desgastada do que outrora foram tempos coloniais ou ver as acácias rubras e os jacarandás em flor. Há de tudo à venda na rua, incluindo serviços como o de costura que vimos antes, e muitos mercados das calamidades. As calamidades são mercados de roupa em segunda mão, aquela que doamos para serem distribuídas pelos pobres, mas que de facto são vendidas a preços super baixos. A verdade é que montar uma rede de distribuição requer bastante dinheiro e é desta forma que é paga, a um preço que toda a gente consegue pagar. Outro dos fenómenos que vimos foi o Palácio dos Casamentos a um sábado! Tanta alegria junta, vários grupos a cantar e a dançar enquanto os seus amigos ou familiares assinavam os papéis do casamento.

Maputo tem algumas coisas para ver mas a verdade é que foi a parte menos interessante da viagem enquanto experiência de vida. Não comemos especialmente bem em nenhum lugar específico, excepto em casa quando os cozinheiros das nossas primas preparavam alguma refeição, nunca nos sentimos ameaçadas mas também nunca nos deixaram explorar muito a cidade por nossa conta pela falta de segurança. Fiquei com pena de não irmos à Catembe, a margem oposta do rio Maputo, agora tão facilmente alcançável com a nova ponte, ou de não irmos à ilha da Inhaca. O único sítio onde fomos nos arredores de Maputo foi à Ponta do Ouro, experiência que podem ler no outro post.