Como poderão saber fiz Erasmus em Florença, tendo passado dez meses, entre 2013 e 2014, na capital toscana. Na altura o blog era outro, onde documentava o meu dia a dia, as minhas visitas ora a este Palazzo, ora a outro. Hoje decidi compilar aqui todos os lugares imperdíveis de Florença, acompanhados obviamente por belas fotografias que tirei ao longo de todo o ano e alguma informação útil! Buon viaggio!

Piazzale Michelangelo

Um dos lugares incontornáveis, a melhor vista de Florença a qualquer hora do dia! Para lá chegar, é uma boa subida a partir da Porta de San Nicoló ou pelo Giardino delle Rose. Se as pernas já não são o que eram, há sempre um taxi pronto para vos levar ao topo da colina! Daqui vê-se o rio Arno, a Ponte Vecchio, o Palazzo Vecchio, o Duomo e toda a cidade até às montanhas que a circundam. No topo encontram souvenirs, comida e até música ao vivo. Encontram também uma das cópias do David de Michelangelo.

Ponte Vecchio e o rio Arno

Tal como o Duomo, a Ponte Vecchio é uma das referências de Florença! É tão bonita e diferente que até quando os alemães bombardearam a cidade, tinham a instrução directa de Hitler de a poupar – verdade ou falta de pontaria, ainda bem que assim foi! A ponte como a vemos agora data do séc. XIV e tem uma série de pequenas lojas, maioritariamente ourivesarias, ao longo da ponte – só no centro é que voltamos a ver o rio, quase fazendo esquecer que o estamos a atravessar! Por cima de nós passa o Corredor Vasari, que liga o Palazzo Vecchio ao Palazzo Pitti, atravessando os Uffizi, a Ponte e a Igreja de Santa Felicita. Este corredor foi mandado construir em 1565 pela família Medici para que o Duque, no poder, pudesse atravessar desde sua casa até ao seu lugar de trabalho, sem ter de enfrentar a população que o fazia sentir ameaçado. Na altura a ponte albergava o mercado de carne, que foi relocalizado para que o Duque não tivesse de aguentar com o cheiro. Na Igreja o corredor abria-se numa varanda, para que a família no poder pudesse assistir à missa sem também se ter de misturar com o povo.

Catedral de Santa Maria dei Fiori, Duomo, Campanille di Giotto, Battisterio di San Giovanni, Cripta e Museo dell’Opera del Duomo

Porque é que junto todos estes nomes no título? Porque o Duomo é tudo isto! Na mesma praça temos a belíssima igreja em três mármores diferentes – branco, rosa e verde -, o Campanário, o Baptistério e ainda o Museu. À excepção da igreja, que é de acesso livre, tudo o resto se paga, num bilhete único, válido por 72horas, para permitir que se visite tudo sem pressas e para se ter tempo de recuperar as pernas das centenas de degraus, que pode ser adquirido online ou no Museu. Atenção que nem a subida à Cúpula (463 degraus) nem ao Campanário (414 degraus) têm elevador.

A Catedral é a terceira maior do mundo, construída entre os séc. XIII e XV! Por dentro da cúpula vemos o incrível interpretação de Giorgio Vasari sobre o Último Julgamento. O acesso à cripta faz-se pela catedral. Aqui podemos encontrar vestígios de uma igreja mais antiga, construída no mesmo local, dedicada a Santa Reparata, que a actual catedral veio substituir. O acesso à cúpula é feito pelo exterior da igreja, via Porta della Mandorla, no lado norte. O método de construção da cúpula, de autoria de Filippo Brunelleschi, é uma pérola de arquitectura, uma dupla parede, a de dentro com mais de dois metros de espessura que se sustenta a si mesma, a de fora uma protecção extra de ventos e chuva. O acesso ao topo faz-se pelo meio destas “duas cúpulas”, esperando-nos no topo uma vista 360º de toda a cidade, a cerca de 90m de altura.

O Batistério é dos edifícios mais incríveis que já visitei. Originalmente encontrava-se aqui uma pequena capela dos tempos da Florença Romana, construída algures entre os séc. III e IV. O que encontramos hoje é um edifício de planta octogonal, com mármore branco de Carrara e verde de Prato, mas o mais interessante é o interior da sua cúpula, também esta octogonal, a maior cúpula do mundo construída com mosaicos dourados. Enquanto estamos no interior é impossível que o nosso olhar não esteja sempre a ser atraído para o tecto! As portas do Baptistério são elas próprias obras primas, especialmente a porta voltada a este, à qual Michelangelo chamou de “Portas do Paraíso”, com dez grandes paineis dourados esculpidos por Ghiberti.

O Campanário de Giotto é o exemplo mais eloquente do gótico fiorentino no séc. XIV. É também considerado o Campanário mais bonito de Itália, embora tenha sido construído mais por motivos decorativos, do que práticos. Cinco metros mais baixo que a Cúpula do Duomo, tem também vistas incríveis da cidade, com a Catedral incluída na fotografia.

Muitas das obras de arte de todos estes edifícios encontram-se no Museu da Obra do Duomo, de forma a melhor conservá-las.

Piazza della Signoria, Palazzo Vecchio e Gallerie degli Uffizi

Quem não visita a Piazza della Signoria não pode dizer que visitou Florença. Esta praça alberga algumas importantes estátuas como a de Cosimo di Medici a cavalo, a fonte de Neptuno, a Loggia dei Lanzi, com várias estátuas, e outra cópia do David de Michelangelo, a substituir o lugar onde a original esteve até 1873. É aqui também que se encontra o famoso Palazzo Vecchio.

Este “palácio” nem sempre se chamou assim. Antes era conhecido como Palazzo della Signoria, sendo que Signoria é o organismo principal da Repúplica de Florença. Em 1565 o nome é alterado, quando a corte do Duque de Cosimo é transferida para o “novo” Palazzo Pitti, passando o anterior a Vecchio. Aqui encontramos actualmente a perfeitura do município de Florença e um belíssimo museu. A fachada conta com a Torre de Arnolfo, tão ou mais alta que a cúpula do Duomo, e com os vários brasões da Florença do séc. XIV. O palácio conta com três pátios, sendo no segundo, o da Alfândega (Dogana), que se encontra a bilheteira. Assim que entramos no museu deparamo-nos com o maravilhoso Salone del Cinquecento, com afrescos e tapeçarias nas paredes e um tecto brilhante pintado por Vasari, com 29 painéis que representam a vida da família Medici e a cidade de Florença, separados por traves douradas. Durante os seis anos em que Florença foi capital de Itália, entre 1865 e 1871, era nesta sala que reunia o parlamento. O resto do museu tem muitíssimas maravilhosas salas e capelas, com tectos e paredes de cortar a respiração e a sala dos mapas, a minha preferida!

Entre a praça e o Arno encontramos as Gallerie degli Uffizi, o maior museu de arte de Florença e dos mais famosos do mundo. Dividido em várias salas dispostas por escolas e estilos, o museu exibe obras do século XII ao século XVIII, com a melhor coleção do mundo de obras do Renascimento. Obras de artistas como Cimabue, Caravaggio, Leonardo da Vinci, Michelangelo, Rafael, Ticiano, Peter Paul Rubens, Rembrandt e Sandro Botticelli podem aí ser vistas.

Palazzo Pitti e Jardins Boboli

A maior atracção na margem sul do rio. O Palazzo Pitti. O aspecto actual do palácio data do século XVII, tendo sido originariamente projectado por Filippo Brunelleschi como residência urbana de Luca Pitti, um banqueiro florentino. Foi comprado em 1539 pela Família Medici, para servir de residência oficial dos Grandes Duques da Toscana. No início do século XX, o Palácio Pitti, juntamente com o seu conteúdo, foi doado ao povo italiano por Vittorio Emanuelle III; por esse motivo, as suas portas foram abertas ao público e converteu-se numa das maiores galerias de arte de Florença albergando a Galeria Palatina, com pinturas renascentistas; os Apartamentos Reais, um conjunto de 14 salas, usadas formalmente pela família de Medici e pelos seus sucessores; a Galeria de Arte Moderna inclui trabalhos de artistas do movimento Macchiaioli e de outras escolas italianas modernas do final do século XIX e início do século XX (em Itália, o termo “Arte Moderna” refere-se ao período anterior à Segunda Guerra Mundial, sendo a arte do período que se seguiu, geralmente, conhecida como “Arte Contemporânea”); o Museu da Prata contém uma colecção de peças valiosas em prata, trabalhos em gemas semipreciosas e ourivesaria da Antiguidade, pertencentes à colecção de Lorenzo di Medici; o Museu de Porcelana, instalado no Casino del Cavaliere, nos Jardins Boboli; e o Museu do Traje, que contém uma colecção de figurinos teatrais datados desde o século XVI até ao presente e é também o único museu da Itália a detalhar a história da moda italiana.

Por detrás do Palácio encontramos os maravilhosos Jardins Boboli, desenhados pela família Medici que assim criaram o estilo de “jardim italiano”. O próprio jardim poderia ser considerado mais um dos museus do palácio, considerando todas as estátuas renascentistas, grutas decoradas e enormes fontes que aí se encontram!

Há dois tipos de bilhete, o primeiro inclui o edifício do Palácio, com todos os museus e o segundo a entrada nos Jardins Boboli, que também têm acesso aos jardins da vizinha Villa Bardini, com excelentes vistas sobre Florença

Igreja de Santa Maria Novella

Durante a minha estadia em Florença e como estudante de arquitectura quase todos as atracções turísticas eram de acesso livre pois Itália dá especial acesso a estudantes de História de Arte e Arquitectura. Infelizmente a visita à igreja de Santa Maria Novella, perto da estação com o mesmo nome, era uma das excepções e logo esta que para mim é a mais bonita! De destaque os frescos por detrás do altar e o próprio altar em mármore de várias cores! Também o claustro vale muito a pena a visita!

Igreja de Santa Croce

A Igreja de Santa Croce é a maior igreja franciscana do mundo e o autêntico panteão de Florença – a igreja abriga quase 300 tumbas, incluíndo as de Michelangelo e Galileu Galilei. Encontra-se na praça com o mesmo nome, que recebe vários eventos ao longo do ano, como o Mercado de Natal ou o Calcio Storico di Firenze. A visita inclui a igreja, o claustro, a capela pazzi e a vista para o campanário. A igreja não é tão espectacular como a de Santa Maria Novella, mas a praça é das mais importantes de Florença, principalmente como lugar de encontro.

Igreja de San Miniato al Monte

Um pouco mais acima do Piezzale Michelangelo encontramos San Miniato al Monte, um dos meus lugares favoritos de Florença. De entrada livre e vistas maravilhosas da cidade, é outro lugar imperdível! O tecto em madeira, a semi cúpula em mosaico dourado, os três pisos de adoração, todos visíveis desde o piso intermédio, a luz! Acho que afinal é esta a minha igreja favorita de Florença, uma vez que é grátis!

Como devem imaginar, Florença é um mundo sem fim de oferta cultural! Há mais museus que valem a pena a visita, como o Palazzo del Bargello, que acomoda algumas das esculturas mais interessantes de Florença, o Museo di San Marco, um antigo convento franciscano cujo interesse é o próprio edifício ou o Palazzo Medici Riccardi, a primeira residência dos Medici em Florença. Há ainda a Basílica di San Lorenzo que inclui também as Capelas Medici, onde é proibido fotografar, ou a belíssima igreja de Orsanmichele que ocupa o lugar de um antigo mercado. Onde também não deixam tirar fotografias é na Galleria dell’Academia onde se encontra o David de Michelangelo original, entre outras obras. Outro dos lugares mais interessantes de Florença para um almoço ou um copo ao final do dia é a Piazza Santo Spirito, em Oltrarno.

Por último, deve-se absolutamente visitar a Gelataria La Carraia, junto à ponte com o mesmo nome, no lado sul do rio. Para mim o melhor sabor é o de Iogurte com Nutella! No dia em que regressar a Florença, será o primeiro sítio que visitarei com certeza!