Eu não costumo ver as notícias, pelo que a primeira vez que ouvi falar do vulcão de La Palma foi já duas ou três semanas depois de ter começado a erupção, devido às notícias referentes aos “negacionistas do vulcão”. No início de Outubro fui visitar o meu amigo José a Saragoça e ele, sim, via sempre o telejornal, pelo que de repente, e para mais estando em Espanha, fui inundada por imagens de um espectáculo natural, uma erupção explosiva, que estava a acontecer não muito longe! Decidi que tinha de ir a La Palma, ver o Cumbre Vieja com os meus próprios olhos, sentir o poder da natureza na sua forma mais pura e creadora! Já em Lisboa, procurava as livecams no YouTube e adormecia a ver aquelas imagens!
Mas já tinha uma viagem marcada para o Luxemburgo e França, pelo que a visita a La Palma só se concretizaria um mês depois de ter regressado da minha viagem com o José, que passou ainda por Tarazona, Teruel e Cuenca.
Deixei a mochila no Airbnb, uma casa colonial mesmo no centro de Los Llanos, dei um pequeno passeio por esta bela localidade, enquanto vários locais limpavam as ruas e as casas, das cinzas e eu esperava pelo autocarro (que só havia a cada 30/60min). Fui então para o Miradouro da Igreja de Tajuya, dos melhores sítios para se ver o vulcão e onde costuma estar a comunicação social. De aí conseguia-se ver um pouco de lava a descer a encosta, fumo e gases a sair da cratera, mas realmente nada de especial, não havia sequer cinzas no ar, pelo que estava um pouco decepcionada. A notícia do dia era que uma segunda fajã se estava a criar (que mais tarde se uniu à primeira), mas que não era possível ver desde nenhum lado da ilha, acessível por civis. Para não me sentir tão decepcionada, ia fotografando as ruas cheias de cinzas.
A chuvinha acalmou e eu voei! E que vôo! Desde o ar podiam-se ver os rios de lava, que ficavam mais e mais brilhantes à medida que o sol se aproximava do horizonte. Podiam-se também ver casas que tentavam emergir da lava, num último suspiro. Árvores sobreviventes, um barco militar ao fundo, que acompanhava a criação da nova fajã. Infelizmente, como estava muito vento, eu não me podia aventurar muito, com o risco de ficar sem o drone, que tinha de vir contra o vento de “volta a casa”, mas ainda assim foi dos voos, das imagens, dos dias mais incríveis da minha vida!
No dia seguinte acordei às 6h56 da manhã com o quarto todo a tremer! Nem podia acreditar que também tinha podido sentir um terramoto, algo que sempre tive curiosidade! Foi muito rápido, tipo dois segundos, a cama abanou na horizontal e acabou. Na altura fiquei feliz e ao mesmo tempo um pouco ansiosa, já que não sabia se devia ficar deitada na cama ou ir para algum lugar “mais seguro”. Ouviu os hóspedes do outro quarto irem à casa de banho, estavam também eles relaxados, pelo que decidi voltar a dormir. Quando acordei descobri que tinha sido um terramoto de magnitude 5, na escala de Richter.
Quando saí, o vulcão estava igualmente calmo, pelo que optei por ir visitar um pouco da ilha, já que é conhecida por Isla Bonita, subindo ao miradouro de La Cumbrecita e visitando a cidade de Santa Cruz de La Palma, motivos para um futuro post.
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