Última paragem da minha semana por Espanha, Cuenca, património mundial da UNESCO, a cidade a que o José chama casa. Quando o José me falava de Cuenca, há seis anos, ainda no México, eu imaginava uma pequena vila, no topo de uma colina, e assim era, há muitos muitos anos. Hoje em dia é uma cidade enorme, capital de província, com toda uma extensão de edifícios de habitação não muito bonitos, que tivemos de atravessar para chegar a casa da mãe do José, no pequeno bairro de San Anton. À nossa espera tínhamos uma deliciosa tortilla de batata caseira e a Lua, a cadela do Jose, que não o via há 9 meses e que estava super feliz por ter o dono em casa!

Na manhã seguinte saímos então para explorar Cuenca. Assim que atravessámos a ponte sobre o rio Júcar, troquei as voltas ao José, a luz estava incrível e queria seguir junto ao rio, pelo que vim a descobrir que era a “Ruta del Júcar“, com a cidade à direita e as incríveis formações rochosas, que circundam a cidade antiga, à esquerda. Subimos e subimos e subimos pelo Santuário de Nossa Senhora das Angústias, nome adequado para o que se sente sempre que queremos ir ao castro antigo, para o José me dizer que teríamos de descer tudo novamente para ver a cidade como ele me a queria mostrar!

Ainda assim, foi impossível não passar pela Plaza Mayor, coração de Cuenca, onde se encontra a Catedral. Na verdade teríamos de descer tudo pois há uns tempos houve uma derrocada e o acesso à Ponte de San Pablo está temporariamente fechado.

É do outro lado desta ponte que temos uma das vistas mais icónicas da cidade, sobre o vale do rio Huécar para as Casas Colgadas (espanhol para “Casas Penduradas”), assim chamadas por as suas bonitas varandas de madeira estarem “penduradas” sobre a falésia, já desde o século XV. Embora pareça haver muitas “casas penduradas”, são só estas com as varandas em madeira que são chamadas Casas Colgadas… É também deste lado que se encontra o Parador de Cuenca (os Paradores são como as Pousadas de Portugal, hotéis de luxo em sítios históricos), no antigo Convento de San Pablo e que está precisamente no centro da “Hoz del Huécar“, o nome que eles dão ao desenho que o rio faz, em forma de foice (um C, basicamente).

Descemos então pelos Miradouros de Huécar, subimos pela original “Subida a San Pablo”, por onde mais tarde voltámos a descer para voltar a subir ao castro antigo… Um pouco a essência desta cidade, muita subida e descida!

Subimos então por onde o José originalmente tinha planeado, por ruazinhas estreitas, passando pelo miradouro de San Gil, com vista para um pitoresco bairro e para o Museu Paleontológico de Cuenca, continuando pela Calle Alfonso VIII, para ver as bonitas casas pintadas, passando pelo Convento de la Merced e subindo até à Plaza Mangana, com a Torre com o mesmo nome, e vários vestígios da cidade romana que aqui existia antes. Também daqui, temos uma incrível vista para o vale do Júcar, pelo que decidi que era deste lugar que ia voar o meu drone mais tarde 😉

Antes de irmos para casa, almoçar uma deliciosa Paella, voltámos à Plaza Mayor para visitar a incrível Catedral de Cuenca. A visita que fizemos foi a da catedral, com subida ao trifório, que custa 7€. O audioguia é grátis e super recomendado pois explica em detalhe cada parte da catedral. Eu adoro visitar um lugar sem expectativas, pois somos facilmente surpreendidos e foi preciamente o que me aconteceu nesta catedral! A luz, os vitrais, o coro, os tectos, algumas das capelas, a escultura da Última Ceia logo à entrada! Eu ilustro:

A catedral tem também um bonito claustro com acesso a um miradouro com vista para o Parador e para o Huécar. Subindo então ao trifório, podemos observar a Plaza Mayor desde o alto, para além da nave central da catedral pintada pela luz que atravessa os coloridas e modernos vitrais. 

Era hora de voltar a casa para almoçar e esperar que tudo voltasse a abrir depois da pausa para a siesta.

Chegou o tão ansiado momento de voltar a Cuenca porque, depois de andar quase uma semana a passear o drone por Espanha, ia finalmente poder voá-lo! Voar em Espanha é muito mais limitado do que em Portugal, é proibido em quase todas as cidades, em Saragoça, em Teruel, mas não em Cuenca! E que cidade incrível para ver desde o ar, com esta geografia tão peculiar de cidade na cumeeira de uma colina entre dois fundos e serpenteantes vales.

Mas por mais que eu quisesse voar o drone a partir de um só ponto, quando o mandava para o vale oposto a toda a cidade, o drone insistia em perder o contacto com o comando e voltar sozinho “para casa”, mas ainda bem que assim foi, porque o José me levou até ao Miradouro Barrio del Castillo, atravessando todo o Castro Antigo, até ao ponto mais alto da cidade, já saindo das muralhas, para voar o drone do outro lado. Cuenca é lindíssima, especialmente àquela hora!

Já depois do sol se pôr, explorámos um pouco as muralhas, tomámos uma caña num barzinho, e voltámos para casa, onde um belo repasto nos esperava!

 

Último meio dia em Cuenca, nessa tarde apanhava o autocarro para Madrid e daí apanhava outro para Lisboa. Pedi ao José para voltar à subida a San Pablo, para voar o drone desde aí, para apanhar as Casas Colgadas.

Era dia 12 de Outubro, dia de Nuestra Señora del Pilar, dia da “Hispanidad“, feriado em quase todos os países hispânicos. Ao lado do Parador, na antiga igreja do convento, encontra-se o Espacio Torner, um pequeno museu que mostra a incrível obra do artista Gustavo Torner. Foi aí que descobrimos que nesse dia, todos os museus eram grátis, pelo que começámos uma saga de visitas a museus! Entrámos também rapidamente no Parador, para visitar o seu claustro.

O segundo museu do dia foi o Museu de Arte Abstracto, que se situa precisamente no interior das Casas Colgadas. É dos museus de arte contemporânea mais importantes em Espanha e para além das obras de arte maravilhosas que tem, está num edifício incrível, com vistas ainda melhores! É só pena não se poder sair às varandas…

Visitámos ainda o Museu Provincial de Cuenca, muito fraquinho, com um desenho museológico do século passado, e tentámos visitar ainda a Fundação António Pérez de Arte Contemporânea, mas ia fechar em breve para a hora de almoço / siesta, pelo que já não foi possível.

Voltámos assim para casa, descendo pelas muralhas até às Angústias, junto ao Júcar até San Antón, onde almoçámos e descansámos um pouco, antes da minha longa viagem de volta a casa. Despedi-me assim do Jose, depois de uma semana fabulosa entre Saragoça e Cuenca!