Todos os meses podemos fazer pedidos de voos na TAP, baseado num sistema de pontuação – a cada mês dão-nos 6 pontos e por cada rotação pedida que nos dão tiram-nos 16, algo exagerado… Assim e porque eu gosto de escolher para onde voo, tenho sempre poucos pontos, o que torna mais difícil a minha hipótese de receber o voo, uma vez que é por ordem de pontuação. Para o Natal e a Passagem de Ano a companhia abriu uns pedidos especiais, uma espécie de voluntariado em que não nos tiravam pontos. Aproveitei logo para pedir a estadia em Abidjan, a última África que me faltava visitar com a TAP, sem grandes expectativas pois tinha muita gente à minha frente no mesmo pedido. Tal não foi o meu espanto quando saiu o planeamento e me tinham atribuído a estadia na Costa do Marfim! As expectativas para a passagem de ano em si não eram altas, pois o voo chegaria às 23h15 a Abidjan, logo se não passasse o ano dentro do avião, também não seria muito longe. Foi precisamente no exterior do aeroporto, já numa temperatura de 27º, que abrimos os espumante e comemos as passas, junto com o motorista que nos ia levar ao hotel. O fogo de artifício surgia desorganizado por toda a cidade e durou por horas. Aliás, quando chegámos à recepção do hotel, já às 00:20, assustámo-nos ao ver uma festa deserta, mas depois explicaram-nos que estavam todos lá em cima a ver o fogo. Entre sonhos e rabanadas que a mulher do comandante tinha levado a dança ao ritmo africano entrámos em 2019. Acordei cedo pois aguardáva-nos mais de uma hora de caminho para a praia, em Assouindé. O comandante, já vasto conhecedor da área, propôs-nos, ainda antes de irmos para a Costa do Marfim, alugar uns quartos num hotelzinho lá na praia, programa esse que a tripulação inteira alinhou. Ainda em Abidjan tive finalmente uma ideia da cidade, agora iluminada pela luz do sol. Decidi abrir a janela para tirar algumas fotografias e o cheiro a queimado do fogo de artifício da noite anterior era intensíssimo. Partimos então para Assouindé, num trânsito menos caótico do que se espera de África, com a máquina em punho:
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Chegámos então ao hotel l’Ocean, cheios de vontade de dar um mergulho pois os carros onde viemos não tinham ar condicionado. Mas antes disso fizemos o pedido do que queríamos para o almoço, que por África as coisas demoram o seu tempo, peixe e marisco, do mais fresco que há! Segundo o comandante nunca tinha visto a praia e o hotel tão cheios, resultado da época festiva. A água do mar límpida e a uma temperatura maravilhosa, aquele meio termo em que se entra sem dizer ai nem ui, mas que ao mesmo tempo refresca. Pela praia passavam desde crianças a adultos, muitas mães com bebés nas costas, a vender amendoins, cajus, água de coco, ananáses, artesanato… obviamente o meu motivo favorito para fotografar. De vez em quando passavam turistas e locais a cavalo ou de moto 4, as duas actividades que se pode pagar para fazer na praia. Mais ao final do dia decidimos ir dar uma volta a pé para descobrir que mais encontraríamos naquela língua de areia e encontrámos barcos de pesca, galinhas e hotéis mais e menos charmosos. O sol traiu-nos quando decidiu pôr-se, timidamente, atrás de uma neblina no horizonte, em vez de no mar, em todo o seu esplendor de tons laranja e rosa…
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No dia seguinte, ao pequeno almoço, fomos surpreendidos por uma embarcação pesqueira mesmo à frente do nosso hotel. Não percebemos o que estava a acontecer, pois o barco apareceu na água, foi puxado por alguns rapazes desde a praia, estiveram a consertá-lo, ao que pareceu, e uma meia hora depois lançaram-se à água em busca de peixe. Depois de mais um tempinho a investir na marca do biquini decidimos alugar duas moto4 com esperança de chegar à ponta da língua de areia que vai até Assinie e à foz do lago do Parc National Des Iles Ehotilés. Só tínhamos uma hora para ir e voltar e quando estávamos quase a chegar à meia hora, em que teríamos de voltar para trás, cruzámo-nos com um outro grupo que nos disse que a ponta ainda estaria a 20min… terá de ficar para a próxima. Depois do almoço tivemos de regressar para Abidjan pois o voo para Lisboa partia essa noite. A Costa do Marfim foi uma agradável surpresa e um excelente escape deste inverno europeu!
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