O regresso da ilha de Moçambique para Maputo marcava o ponto médio das nossas férias e significava o início de um novo ciclo com a chegada da minha irmã Clara a Moçambique na manhã seguinte. Nos dois primeiros dias que estivemos em Maputo, antes de irmos para o norte, encontrámo-nos com o meu amigo Gonçalo, a viver há oito anos em Moçambique e que já escreveu um texto aqui para o blog. Ele e a Débora, a namorada, convidaram-nos para passar o dia em casa deles, a meio caminho para a Namaacha. Fomos buscas a Clara ao aeroporto, algo que demorou mais do que esperávamos pois nós optámos por fazer o visto lá, à entrada de Moçambique, mas naquele dia o sistema estava em baixo, o que tornava tudo muito mais lento.
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Finalmente saímos do aeroporto e fomos calmamente para Massaca, passando por vendedores de castanha de caju, de cocos, de fruta. Íamos parando para que a Clara comprasse e provasse, não fosse ela a maior instafoodie que conheço. Finalmente chegámos a casa deles, literalmente no meio do nada, uma vista para África e uma piscina para nos refrescar. A ideia era ir tomar o pequeno almoço a um restaurante lá perto mas com o atraso no aeroporto optámos por comer toda a fruta maravilhosa que tínhamos comprado pelo caminho e dar um mergulho antes de seguirmos para a Namaacha, onde íamos almoçar e depois visitar uma reserva que lá há, habitualmente fechada ao público.
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Optámos por ir na carrinha de caixa aberta pois era mais típica e mais divertida. A Namaacha fica colada à Suazilândia e é conhecida como a Sintra de Moçambique, pois fica a 500m de altitude, tem um micro-clima como o da nossa serra e não fica assim tão longe da capital. Encontrámo-nos com dois amigos sul-africanos deles, o Gideon e a Carol, para ir ao restaurante Acácia, onde já chegámos “tarde”, eram 15h.
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Foi neste restaurante que tivemos o maior “choque de África” de sempre. Éramos sete e o restaurante estava cheio na esplanada na parte de trás do restaurante, pelo que pedimos para ficar na parte da frente. As mesas eram fixas, logo não dava para juntar duas mesas, mas podia-se pôr uma no meio das outras e assim ficar com uma grande mesa. Propusemos isso de duas formas diferentes ao empregado e ele dizia que não dava, mas depois ele próprio chegou a essa ideia sozinho. Finalmente sentados veio perguntar o que queríamos beber. Logo o pedido das bebidas não foi fácil, tínhamos de lhe perguntar o que tinha escrito para verificar se tinha percebido tudo, faltaram coisas quando trouxe as bebidas e tivemos de pedir pelos menus umas três vezes. Finalmente vieram os menus, escolhemos cinco pratos com a ideia de depois pedir mais, se ficássemos com fome. Uns 15min depois o empregado regressa a dizer que dos cinco que pedimos só havia um dos pratos… ok, então o que há?… Cara de pânico do empregado! Sugerimos que fosse à cozinha perguntar o que havia e perguntámos se era necessário acompanhá-lo. Disse que não. Regressa então a dizer que há só três pratos do menu, pedimos duas doses de cada – frango à zambeziana, caril de amendoim, um pato qualquer. Passam 45min, a fome era muita! Numa das vezes que lá fomos dentro perguntar como estava, encontrámos os empregados a comer batatas fritas – coisa que também tínhamos pedido -, noutra, os três sentados à conversa… Numa ida à casa de banho a minha mãe cruzou-se com o cozinheiro e aproveitou para pedir tudo o que tivessem já feito de entradas… vieram então uns croquetes e rissóis. Duas horas depois a comida ainda não tinha chegado e a visita à reserva já estada comprometida. Finalmente disseram que já estava a vir, mas entre estar a vir e de facto chegar demorou mais meia hora. Não sei se era da fome ou se era realmente bom, mas foi o melhor frango que comemos na vida! Super saboroso, as batatas exactamente no ponto entre estaladiço e salgado! Já os outros dois pratos eram bastante desinteressantes, uma pena pois foram os que chegaram depois e já não havia mais frango para acabar com o melhor prato. Entretanto o sol tinha-se posto e nós passadas com a experiência!
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A única parte boa de toda esta espera é que decidimos que afinal não iríamos regressar a Maputo, mas ficávamos antes a dormir em casa do Gonçalo e da Débora e no dia seguinte íamos todos até às praias da Ponto do Ouro, ponta mais sul de Moçambique, colada à fronteira com a África do Sul.
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No dia seguinte saímos novamente de carrinha de caixa aberta, ainda antes do nascer do sol. Iríamos ter a casa do Gideon e da Carol pois iríamos para a Ponta do Ouro na carrinha deles, também de caixa aberta, mas essa sim preparada para transportar passageiros. O caminho até à Ponta do Ouro, desde casa deles, dura cerca de 1h30 e desde Maputo, depois da construção da Ponte da Catembe, há cerca de um ano, de apenas 1h20 – antes era necessário apanhar o ferry, que só levava oito carros de cada vez. No caminho atravessamos a Reserva Especial de Maputo, onde se podem encontrar alguns animais. Na ida vimos várias impalas e dois Pumbas, os javalis do mato, a fugir com as suas caudas no ar.
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Chegámos cedo à Ponta do Ouro, a praia ainda quase vazia. A proximidade à África do Sul é tal e os sul africanos são tantos que já ninguém nos aborda em português. Tomámos um bom pequeno almoço num dos restaurantes da praia e depois fomos explorar a pé. A temperatura do ar e da água já não eram as do norte de Moçambique. Muitos surfistas e muitas famílias. As sombrinhas de palhota são substituídas por feias armaduras metálicas com lona, como aquelas que se vêem dos patrocinadores no final de corridas e vão sendo montadas à medida que aparece a clientela. Das coisas mais interessantes e divertidas que vimos foi as diferenças de vestimentas, desde as árabes de burkini na água mas a fazer uma sessão fotográfica, às velhotas sul africanas de toucas, tutus e leggings a condizer ao típico vestido domingueiro e fato, de quem acaba de sair da missa e vai dar uma volta à praia. Em comparação com as praias do norte esta praia não é nada, mas estando em Maputo é uma boa escapadela. Só há que caminhar um pouco para não ficar no meio da multidão.
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O plano para o almoço era ir até ao 360º, um restaurante no topo de uma colina com uma vista para aí de 300º 😛 O dono, Pete, sul africano, é já amigo dos nossos amigos. Ele simpático, a comida apetitosa e a vista espectacular. Antes de ir o Gonçalo alugou uma moto 4 por duas horas e a Clara foi explorar as dunas com ele.
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O regresso a Maputo foi espectacular! Na nossa travessia para sul através da Reserva de Maputo foi giro ver as impalas e os javalis, mas o que nós queríamos mesmo era ver animais de grande porte! Na caixa aberta a visão que tínhamos para a frente não era a melhor e ainda não tínhamos entrado na reserva quando de dentro do carro vêm gritos de histeria! Uns cem metros depois da entrada estava um elefante! Depois de se passear à nossa frente começou a exibir-se com um enorme tronco. Depois de desaparecer selva adentro voltámos a avançar e pouco depois vimos quatro girafas a comer! Fabuloso! O céu estava muito nublado e era claro que ia chover mas o pôr do sol foi espectacular, pois o sol apareceu já quase no horizonte já abaixo das nuvens. Felizmente não choveu muito forte – lembrem-se que íamos numa carrinha de caixa aberta – mas a trovoada era incrível, como nunca vi! O céu todo riscado de luz! Para fotografar os raios não foi fácil mas quando finalmente conseguimos foi outra histeria, desta vez dos que vinham cá fora!
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