A Mónica tem 19 anos, é estudante de cinema e foi para os Estados Unidos com o programa AFS, ainda no secundário, durante 10 meses porque com o 11º feito, sentiu que precisava de alargar os seus horizontes e viver uma experiência nova para conhecer mais do mundo e de si mesma. No programa AFS os estudantes de intercâmbio ficam com famílias de acolhimento voluntárias, o que quer dizer que qualquer pessoa que se candidata a este programa pode ir parar a qualquer lado do país, do Alaska, ao Hawaii, de Nova Iorque à aldeia mais pequena de que nunca ouvimos falar. A Mónica foi parar a Chicago e conta-nos a sua experiência!

Que expectativas tinhas da cidade e do país antes de chegar? A realidade é parecida com essas expectativas?

Em relação a Chicago, não sabia muito da cidade. A primeira coisa que me veio à cabeça foi, infelizmente, o crime e também por ser muito conhecida pelos blues e o jazz, inclusive o musical Chicago.  Em relação aos Estados Unidos, sabia que era um país grande e poderoso, um país sempre presente quer fosse nas noticias ou na televisão ou cinema, e por isso tinha ideias pré-concebidas do que tinha visto, embora soubesse que a ficção poucas vezes corresponde à realidade, e por isso mesmo tinha ainda mais vontade de ir para lá, para quebrar estereótipos.

Do que mais gostas em Chicago?

Da sua arquitetura e da proximidade do lago Michigan.

E do que menos gostas?

O crime e os problemas de violência.

Como caracterizas os norte americanos?

Os norte americanos são um povo muito diverso e cada estado tem a sua cultura. Os norte americanos que eu conheci e com que eu estabeleci amizade são muito conversadores, frontais, eficientes, divertidos, aventureiros, abertos e amigáveis. Chicago e os seus subúrbios tem comunidades muito diversas e desenvolvidas e por isso é mais liberal que outros lugares.

Como era um dia normal para ti nos Estados Unidos?

Acordava e fazia tudo sozinha, tomava o pequeno almoço sozinha porque apesar da minha mãe de acolhimento se levantar à mesma hora e de eu a ver, ela saía um pouco mais cedo de casa. O meu irmão de acolhimento, apesar de ter que ir para a escola à mesma hora, tomava banho e metia-se outra vez na cama e depois ia para a escola mais tarde que eu. Depois eu saía, ia a pé para a escola, apenas 10 minutos. Tinha aulas e depois das aulas ou tinha ensaio de coro, ou teatro, ou ficava a editar vídeos ou a fazer os trabalhos de casa, ou ia dar um passeio a um parque ao pé da escola, biblioteca pública ou fazia algo com amigos, variava muito… mas nunca fui muito de desportos.  Às sextas feiras fazia voluntariado numa escola primária e brincava com as crianças. Depois quando voltava para casa, normalmente os meus irmãos de acolhimento já estavam em casa. Eu ou via televisão com eles ou esperava que a minha mãe de acolhimento chegasse e ia fazer yoga com ela. Depois disso jantávamos e eu ia logo para a cama porque todos os dias tinha que me levantar muito cedo.

Se alguém fosse visitar Chicago e só tivesse 3 dias o que sugerias ver?

Ao Millennium Park, com as “fontes humanas”, the Bean, ou Cloud Gate, (ao lado há uma pista para patinarem no gelo, durante o Inverno) e o Instituto de Arte de Chicago. O topo da Sears Tower (agora Willis Tower) ou o Observatório de John Hancock têm uma vista 360º sobre a cidade de cortar a respiração. Devem também visitar a House of Blues, para concertos de jazz e blues, o Aquário Shedd, o Planetário Adler, o Field Museum e a Fonte Buckingham. Também aconselho uma volta de barco pelo rio de Chicago! Se forem mais de desporto e quiserem ver os CUBS a jogar ao vivo vão até ao estádio Wrigley Field. Visitem o Lincoln Park Zoo e podem ainda ir à praia à beira do lago de Michigan ou dar um passeio ao longo de Lakeshore Drive.

E o que comer e onde?

No Lou Malnati’s ou Giordano’s para deep dish pizza, Portillo’s para um tipico diner Americano (peçam o Hot Dog de Chicago) ou experimentem as famosas pipocas do Garrett!

Tens algumas dicas para nos oferecer de como poupar dinheiro em Chicago?

Sim! Há dias especiais em que os museus são grátis. Por exemplo, no Art Institute of Chicago não pagávamos nada à quinta feira, tenho a certeza que outros museus fazem o mesmo, é só ver nos sites dos museus os horários. O Millenium Park e o Bean são ao ar livre, o Lincoln Park Zoo tem entrada livre e o Centro Cultural de Chicago também! Há um passe de 3 dias por 20$ de que também se pode usufruir  no “L”,  o metro elevado que faz um “Loop” pela cidade, e a melhor forma de se movimentar em Chicago, que compensa.

Qual a maior “tourist trap” da cidade?

O Navy Pier é um cais naval muito falado mas quando chegamos lá, há apenas um centro comercial com alguns lugares para comer, e uma lojas. Também tem uma roda gigante mas nada de mais. Não fiquem com pena se não passarem por lá, não estão a perder muito.

Em que zonas da cidade devemos procurar hospedagem e porquê?

Eu nunca tive de ficar em Chicago para hospedagem porque vivia nos subúrbios mas onde quer que fiquem, evitem a parte sul da cidade que pode ser bem perigosa e não recomendável.

Quais os melhores locais para sair à noite?

No verão há concertos e cinema grátis no  Millennium Park’s Jay Pritzker Pavilion, ao ar livre. Ver um show dos Blue Man Group, um bom show de comédia, um bom concerto de jazz ou musicais que se podem ver no The Chicago Theatre, no Goodman Theatre ou na Broadway in Chicago!

Qual o teu lugar preferido (bairro, edifício, café, livraria…) ou actividade preferida?

 Chicago é uma cidade vibrante e tem muita coisa para fazer e ver, mas tenho que dizer Oak Park. Oak Park é um bairro a 20 minutos de Chicago, se apanharem a linha verde do “L”. É um bairro muito acolhedor, com uma comunidade muito diversa e amigável. Com muitos sítios para comer, cinema, livrarias, bibliotecas, parques. É também onde Frank Lloyd Wright viveu e passou grande parte da sua vida. A maior parte das casas em Oak Park foram construídas ou influenciadas por ele, e pode-se inclusive visitar a sua casa e estúdio lá.

O que responderias se alguém te perguntasse “Não se pode sair de Chicago sem…?”

Comer Deep Dish Pizza! A sério, não se faz pizza assim em mais nenhum lugar dos Estados Unidos, ou do mundo.. é uma marca de Chicago! Experimentem.. não se vão arrepender!

 Muito obrigada à Mónica por nos deixar viajar com ela! E ao mesmo tempo preferia não ter visto tantas fotografias desta Deep Dish Pizza enquanto preparava o post, que agora estou cheia de desejos obesos! 🙂 Podem seguir o trabalho da Mónicano seu canal de Youtube, aqui, ou no seu Vimeo, aqui!