Terceira paragem em Marrocos: Rabat!

Apanhámos um comboio desde Marraquexe, super confortável! Quatro horas de viagem e aproximadamente 15€ por pessoa. Aconselho comprar comida antes pois avisaram-nos que a comida que vendem a bordo é má e cara.

Em Rabat ficámos novamente num Riad, na medina (ou centro antigo). O senhor que lá trabalhava não nos ficou no coração, como os de Marraquexe, mas ainda assim o espaço era bastante agradável, muito bem localizado e o pequeno almoço óptimo – tinha o sumo de laranja natural mais florescente e doce que já vi ou provei.

Já chegámos ao hotel por volta das 17h pelo que só deixámos as coisas e fomos caminhar um pouco, descobrir o que é que esta cidade nos teria para oferecer. O dia estava maravilhoso, uma temperatura que rondava os 24º… ainda assim para os marroquinos estávamos no inverno porque eles não tiravam os seus casacões e as suas camisolas de lã! Senti-me como os escandinavos se devem sentir em Portugal.

Decidimos ir até ao Kasbah des Oudayas, a cidade dentro das muralhas que servia de fortificação e defesa da costa marroquina. Avisaram-nos à entrada que teríamos de ser breves porque em breve iriam fechar o espaço para não muçulmanos pois era hora da reza. Deambulámos pelas suas ruas brancas e azuis e quando estávamos a chegar ao miradouro que nos mostraria Salé (a outra margem do rio Bu Regregue), a praia e o atlântico avisaram-nos que já estava fechado. Íamo-nos embora quando o guarda nos chamou, disse que como tínhamos sido simpáticos e acatado as regras que poderíamos ir espreitar rapidamente. Claro que fomos a correr e depois ele apareceu e ainda nos mostrou uma área de acesso restrito de influência portuguesa, em troca de alguns dirhams.

Do cimo das muralhas a praia pareceu-nos apetecível e descemos até ao areal para molhar os pés e ver o sol descer. Contornámos o Kasbah por fora e encontrámos a minha vista preferida da cidade, o Kasbah e a foz do rio:

No dia seguinte acordámos invariavelmente cedo, até porque seria o único dia inteiro que teríamos na cidade e há muito para ver. A minha mãe e o namorado demoravam sempre mais de manhã, pelo que eu e a nossa amiga decidimos voltar rapidamente ao Kasbah para vê-lo agora de dia enquanto eles se acabavam de arranjar.

O combinado era ver-nos directamente na Torre de Hassan, mas por um mal entendido de toques e chamadas, passámos no Riad para ver se ainda lá estavam. A sua ausência fez-nos caminhar em direcção à torre, mas para ser mais interessante decidimos ir por dentro da Medina, pelo Melah, o bairro judeu do centro antigo. Tivemos todos a mesma ideia, pois encontrámo-los numa banca de legumes a questionar os marroquinos que pouco francês falavam que legumes eram os que não conhecíamos. Grande parte da medina de Rabat está a ser remodelada e uniformizada, a tornar-se num lugar mais moderno e organizado, bem agradável!

Chegámos então à Torre de Hassan, torre esta que fazia parte de um plano para a construção da maior mesquita do mundo e ultrapassar, naquele então, a mesquita de Córdova. Infelizmente a sua construção foi interrompida, após a morte do califa Abu Yusuf Yaqub al-Mansur em 1199. Em 1755, no mesmo terramoto que destruiu Lisboa, a maior parte da construção incompleta ruiu, ficando apenas a torre de 44m e algumas colunas.

Em frente à torre encontramos o Mausoléu de Mohammed V, primeiro rei de Marrocos após a independência do protectorado francês. Um edifício absolutamente deslumbrante desenhado curiosamente por um arquitecto vietnamita. Aqui também podemos ver a guarda real, que se deixa fotografar com gosto.

A ideia era caminharmos em direcção ao palácio real, passando por vários pontos da cidade e almoçando pelo caminho. Na praça em frente à CDG, onde estão dois murais de interesse, encontrámos um pequeno restaurante cheio de locais. Um senhor que almoçava sozinho na mesa ao lado e que falava francês serviu como intérprete e explicou-nos que à 6ª feira, depois de ir à mesquita, se comia cous-cous. Ensinou-nos também a comer com as mãos à moda de Marrocos.

Já no palácio real descobrimos que precisaríamos do passaporte para entrar então saltámos esse ponto e fomos até Chellah (ou Chelas, como nós dizíamos a brincar), uma necrópole medieval merínida onde se encontram também ruínas da cidade romana de Sala Colónia. O mais interessante deste espaço são mesmo as cegonhas dos aproximadamente 75 ninhos que ali existem com o seu bater de bico e torcer de pescoço típico do seu meio de sedução.

Saindo de Chellah queríamos apanhar um taxi para Salé, para ver o pôr do sol por cima de Rabat. Pedimos ajuda a um polícia que nos disse que deveria custar cerca de 15dh. Em Marrocos os taxis “normais” só podem levar no máximo três pessoas, pelo que precisaríamos de dois taxis. Já dentro do taxi nos apercebemos que os taxis de Rabat não podiam atravessar o rio para Salé, logo quando pedíamos para ir para a Marina estes iam-nos deixar na margem oposta à que desejávamos. E eu ia no segundo carro, por isso ficámos sem saber como nos reencontrar… Lá recebi uma sms da minha mãe bem chateada a achar que tínhamos sido enganadas e que iam atravessar de barco. Nós tínhamos sido deixados ao pé da ponte, para atravessar a pé. Fomos a correr para os barcos, tão rápido que ainda conseguimos passar-lhes à frente e já do outro lado é que as vimos cruzar. O barquinho custa 2,5dh por pessoa. Elas contaram que ao achar que tinham sido enganadas mandaram o taxista parar à frente de um polícia e que este lhe deu uma rebocada por não ter o taxímetro a funcionar, quando era obrigatório – a melhor forma de enganar turistas -, e disse à minha mãe para só lhe darem 10dh.

Do outro lado apercebemo-nos que o que achávamos que era um hotel com um terraço, era apenas um edifício de habitação ainda à venda e depois de um curto passeio à beira rio voltámos a cruzar para Rabat.

No dia seguinte decidimos passar pelo palácio real, visita que eu acho que não vale muito a pena, mais valia termos ido mais cedo para Casablanca, o nosso último destino.