Viajar sozinho tem as suas vantagens, mas acompanhado é sempre mais interessante. Sendo impossível de ir de férias com o meu mexicano, a minha mãe propôs tirar uns dias, dias que se tornaram numa semana e nós as duas virámos quatro. Vários destinos foram discutidos, desde neve em Andorra ou Serra Nevada, até ao calorzinho de Marrocos. O último ganhou. Voámos para Marraquexe, onde eu já tinha estado em 2016, uma cidade sempre agradável para regressar e onde obviamente ainda não tinha visitado tudo! Para eles era a primeira vez. É impossível evitar a praça Jemaa el Fna ou os souks, uma vez que toda a cidade é um grande souk, mas quase conseguimos, sendo esta uma visita mais centrada em monumentos. Da primeira vez só tinha visitado a Madrassa Ben Youssef, o Palais Bahia e as Tumbas Saadiens. As cores dos souks e o calor abrasador de Maio tornaram a visita bem mais lenta. Desta vez tínhamos dois dias para ver tudo o resto e uma temperatura perfeita.
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O plano para o primeiro dia era fazer os palácios a sul da cidade. No caminho passávamos pelo Museu Dar Si Said, museu sobre a tapeçaria marroquina mas cujo maior interesse seria o edifício que o alberga. Tínhamos a ideia que a entrada eram 10dh (~1€), tal como o Palais Bahia, muito próximo, mas quando lá chegámos descobrimos que todos os preços tinham subido em Agosto do ano passado e não tinham actualizado os sites. O Dar Si Said passou a 30dh, sendo o monumento com a entrada mais barata de Marraquexe, e o Palais Bahia e quase todos os outros passaram a 70dh. Como eu já conhecia o Bahia fiquei a visitar sozinha o Dar Si Said e eles foram andando para o segundo. O museu é interessante, mais pelos pequenos documentários em exibição que falam sobre as vidas e técnicas dos artesãos, que pelos exemplos de tapetes expostos. O edifício é de facto muito bonito!
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Encontrámo-nos à porta do Palais Bahia, acabámos exactamente ao mesmo tempo, e antes de seguir para o próximo palácio bebemos uma cerveja num terraço com vista para o que vimos a descobrir ser o antigo bairro judeu e o Atlas no horizonte, com neve no topo. O Palais Badi custava novamente 70dh, este eu não tinha visitado da última vez por estar fechado para um festival de humor. A minha mãe achou caro para o que parecia ser apenas uma ruína e decidimos separar-nos novamente, dois foram visitar as Tumbas Saadiens, duas ficaram no antigo palácio do rei marroquino responsável pelo desaparecimento do nosso D. Sebastião na batalha de Alcácer Quibir. Apesar do estado de destruição, cujas causas não conseguimos apurar, o palácio é bastante interessante e fotogénico. Ajudam à fotogenia as várias famílias de cegonhas que lá vivem.
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No segundo dia o plano era caminhar até ao Jardin Majorelle e passar por vários pontos pelo caminho. Isso também implicava atravessar quase toda a cidade (ou seja, o souk), o que para “novatos de Marrocos” é algo que pode tardar muito! O primeiro destino era o Jardin Secret mas achámos que o tamanho do jardim não justificava o preço (50dh) e continuámos a explorar as ruas-mercado com as babouches penduradas, os incríveis candeeiros, as especiarias, os cestos e os tapetes.
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Chegámos então ao Museu de Marraquexe, que não tinha visitado da outra vez porque alguns marroquinos nos disseram na altura que não valia a pena. Entretanto alguns turistas disseram-me que sim então desta vez dei-lhe uma oportunidade… os marroquinos têm razão. Primeiro não percebo porque se chama museu de Marraquexe uma vez que o que expõe é cerâmica de Fez ou de Casablanca, entre outras coisas de outras partes de Marrocos. A única parte que poderia ter interesse é o pátio que o alberga, mas cuja clarabóia amarela arruina o ambiente. Tem porém um hammam (antigos banhos) inspirado nos banhos romanos, cujo tecto é bastante diferente de tudo o que vi.
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Almoçámos no Le Jardin, um restaurante da mesma cadeia do Nomad onde jantámos na noite anterior.  A nossa experiência com a comida em Marraquexe não foi linear. O primeiro jantar e almoço não satisfizeram ninguém e de repente encontrámos o Nomad e, apesar de ser super turístico, adorámos! Um amigo tinha-nos falado do Le Jardin e quando descobrimos que era dos mesmos donos, quisemos muito experimentar. Não gostámos tanto. Entretanto fomos procurando comida de rua e descobrindo do que gostávamos, até encontrar do melhor que comemos, também com a ajuda de um dos rapazes que trabalhavam no nosso Riad, que adorámos! Chegámos finalmente ao Jardin Majorelle, a visita mais ansiada! Apesar dos turistas em demasia, o azul da casa é hipnotizante! Infelizmente percebi mal e achei que o museu berbére, que a casa alberga, estava fechado naquele dia então não pude entrar… Os jardins, maioritariamente cactus, são também maravilhosos e aí já não sentimos tanto a presença do excesso de turistas.
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Por fim fomos ao Museu Yves Saint Laurent, mesmo ao lado, que infelizmente tivemos de ver a correr porque entrámos no museu meia hora antes de fechar. É sempre giro ver as influências e o desenvolvimento da moda ao longo do tempo. Ainda assim acho o museu demasiado pequeno para o preço que cobram (100dh).
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Foram dois dias maravilhosos e algo que ajudou imenso foram o Amin e o Soufiane, os rapazes que trabalham no So Chic Riad, onde ficámos hospedados. Sorrisos genuínos e sempre presentes e a maior disposição para nos ensinar sobre Marrocos, Marraquexe, onde comer, o que visitar! Recomendo totalmente este Riad onde passámos quatro noites (o terceiro dia passámo-lo em Essaouira).