Não, ainda não estou no longo curso. O que se passa é que a TAP está a comprar uns aviões Airbus A321LR (Long Range), que são aviões narrow body (de um corredor só, normalmente usados no médio curso) mas com uma maior autonomia e por isso podem chegar mais longe, incluindo atravessar o Atlântico. Assim, nós no “médio curso” fazemos agora também Nova Iorque, Belém e Washington D.C. E eu operei o primeiro voo do LR para a capital dos Estados Unidos!
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Uma das vantagens de voar para Ocidente é que o jet lag joga a nosso favor. Aquelas fotografias que gostaríamos de tirar de madrugada para sermos só nós e o monumento só que custa acordar cedo? Pois as 6 da manhã deles são as nossas 11! Primeira impressão, logo no metro, foi que os washingtonianos são super simpáticos e directos – tanto nos dizem que adoram o nosso batom, como explicam cordialmente que em vez de me espremer junto à porta enquanto saem, seria mais fácil sair, deixar sair e voltar a entrar. Também é uma cidade com muitíssimos emigrantes: em todo o lado se ouve falar espanhol e a quantidade de afro-americanos é também bastante alta; a senhora que me fez uma omelete era da Bolívia e o dono do minimercado ao fundo da rua etíope e a viver nos Estados Unidos há 9 anos- já não quer outra coisa e percebo bem porquê, esta cidade foi uma belíssima surpresa!
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Então às 8h da manhã cheguei ao Lincoln Memorial. Era só eu, o 16º presidente dos Estados Unidos e alguns joggers – aparentemente a escadaria do Memorial é um lugar predilecto para fazer exercício físico. Não imaginam o meu sorriso de felicidade por estar naquele lugar, com a vista para o obelisco do Monumento a Washington reflectido na Lincoln Memorial Reflection Pool e o Capitólio ao fundo.
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A maior parte dos monumentos e pontos de interesse que há para ver em Washington encontram-se ao redor do National Mall, uma grande e larga avenida/parque que liga o Lincoln Memorial ao Capitólio. Mas também há vários pontos perto que não permitem que a rota seja linear. Assim visitei o Memorial dos Veteranos de Guerra Coreanos, o Martin Luther King Jr. Memorial e o Frank D. Roosevelt Memorial. Com este desvio foi também possível ver o Tidal Basin (uma espécie de lago/canal) e o rio Potomac, com o estado da Virginia na outra margem. E de volta ao Mall há ainda o Memorial à 2ª Guerra Mundial, esse realmente grande!
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Cheguei finalmente ao Monumento a Washington (o primeiro presidente dos Estados Unidos, ao qual a cidade deve o nome), depois de já ter caminhado 6km. O grande obelisco foi construído entre 1848 e 1885 e na altura era a maior estrutura construída pelo homem, com 169,7m de altura (4 anos depois foi ultrapassado pela Torre Eiffel). Demorou bastantes anos a ser construído porque pelo meio meteu-se a Guerra Civil Americana e é por isso que se vê claramente uma distinção no mármore a cerca de 45m de altura, lugar que marca a interrupção da construção do monumento.
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É também aqui que temos de decidir se continuamos Mall acima, passando por todos os museus Smithsonian e acabando no Capitólio, ou se subimos até à Casa Branca, vamos pelo centro da cidade até à Union Station, a segunda estação com mais passageiros do país, passando pelo pouco que resta da China Town (o Friendship Archway e o criativo cruzamento alusivo ao “horóscopo” chinês) e acabando também no Capitólio, mas do lado oposto. Foi a segunda hipótese que optei por tomar.
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A Casa Branca só se pode ver de longe e de um dos lados – o lado norte onde supostamente nos conseguiríamos aproximar mais da casa – está com obras de requalificação da grade da vedação, pelo que está tapado. Polícia às centenas, como seria de esperar e do Trump a única presença que vemos é a dezena de banquinhas com vendedores chineses a vender merchandising relacionado com o presidente: “Trump 2020”, “2 thumbs up for 2 terms”, “KEEP America Great” looool
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Finalmente (e ainda nem eram 14h) cheguei à Capitol Hill, a colina do Capitólio onde também se encontra o Tribunal Supremo e a Biblioteca do Congresso. No primeiro não se pode entrar e acho que nem nos podemos aproximar – estava a haver uma manifestação sobre os direitos laborais da comunidade LGBT e fiquei em dúvida se as barreiras policiais estariam sempre lá ou só por causa do evento. Já a Biblioteca é de acesso gratuito e é um edifício que recomendo muito, para mim o edifício mais bonito que visitei em Washington! Alberga também exposições temporárias – neste momento sobre a História do Continente Americano, a Luta pelo Direito ao Sufrágio Feminino nos EUA e uma outra sobre a colecção literária de Thomas Jefferson, terceiro presidente dos Estados Unidos. Pode-se também ver a maravilhosa Sala de Leitura, desde o alto de uma varanda.
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Cruzando a rua encontramos o grande edifício do Capitólio, com a sua enorme cúpula encimada por uma estátua que se chama “Liberdade”. A visita ao Capitólio é também gratuita – como quase tudo em Washington, maravilhoso! – mas guiada e acontece a cada 10min – o que faz com que infelizmente esteja sempre muita gente ao mesmo tempo em cada sala. A maior parte dos visitantes são naturalmente americanos e por isso a visita para nós, europeus, é um pouco menos interessante porque nos faltam todas as referências históricas e políticas. Durante a visita guiada não é possível visitar as salas do Senado e a House of Representatives, cada uma numa ala diferente do edifício, é necessário pedir uma permissão especial, explicado durante a visita. O Supremo Tribunal e a Biblioteca do Congresso antigamente também se encontravam dentro do edifício, mas com o crescimento do país – no final do século XVIII, quando foi construído, o país só era composto por 16 estados – tiveram de aumentar todos os espaços e isso levou com que estas duas salas passassem a edifícios independentes – há um túnel subterrâneo que liga o Capitólio à Biblioteca.
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Visitámos então a Cripta – que foi construída para albergar o túmulo do presidente George Washington, mas como só foi terminada bastantes anos depois da sua morte, a sua família não deixou que trasladassem o corpo e ficou só uma estrela em mármore a marcar o ponto. Esse ponto é o que divide a cidade em quatro quadrantes e organiza os nomes das ruas da cidade, normalmente numerados e depois organizadas por ponto cardeal relativo ao Capitólio.
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Visitámos obviamente a “Rotunda”, a sala por baixo da grande cúpula, com vários quadros com cenas importantes da história dos EUA como a Declaração da Independência e também a National Statuary Hall, a sala onde antigamente se reunia a House of Representatives – de onde sairam muitos presidentes dos EUA, marcados com uma placa no chão no lugar onde se costumavam sentar-, e que agora abriga parte da National Statuary Hall Collection, uma colecção de 100 estátuas – duas de cada estado – que representam personalidades importantes desse mesmo estado. Digo parte pois o peso das estátuas era tanto que estruturalmente não seria viável colocá-las todas nessa sala e acabaram por ser espalhadas um pouco por todo o edifício.
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Visitámos também a antiga sala do Tribunal Supremo, antigamente cheia de luz, mas com a expansão do edifício acabou por se tornar tão fechada que hoge em dia tem alcunha de “calabouços”.
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O dia continuou pelo National Mall, uma espécie de volta de reconhecimento pelos vários museus Smithsonian, com respectiva visita de dois dos museus no dia seguinte, coisa que deixarei para um próximo post.
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Gostaria também de referir a quantidade de esquilos que há em Washington! Nunca vi tantos esquilos na vida, às vezes quatro ou cinco ao mesmo tempo! Também as carrinhas de gelados com música que vemos nos filmes e que em Nova Iorque não tive oportunidade de ver, tal como os autocarros escolares amarelos! Foi uma óptima surpresa esta cidade, sem dúvida um must go que eu desconhecia!
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