No ano passado em Maio, o Jorge e eu viajámos até Marrocos. Eu estava bastante entusiasmanda porque era um dos destinos mais perto que eu sempre tive curiosidade em visitar. Do avião podíamos ver quão diversa era a paisagem mas também quão seco e quente tudo deveria ser. Voámos para Marraquexe sem grandes planos e apenas a morada do nosso Riad. A primeira impressão foi óptima, uma vez que eles estavam a readaptar o aeroporto e o edifício é lindíssimo!

Apanhámos um autocarro desde o aeroporto para a praça Jemma el Fna, a forma mais barata de chegar ao centro da cidade, e daí caminhámos até ao hotel. Não foi nada fácil, uma vez que não tínhamos um mapa e todas as ruas dentro do souk são labirínticas. Também tivemos sorte por ninguém nos ter levado lá em troca de dinheiro, coisa que depois viemos a saber que é o que mais acontece pela cidade.

O nosso hostel, Riad Ben Saleh. Muito confortável e a um óptimo preço! Recomendo vivamente! Nós marcámos um quarto privado com casa de banho e ainda recebemos como extra um terraço quase privado! Tudo isto por 10€ por noite por pessoa, com um óptimo pequeno almoço incluído, com pão, croissants, sumo de laranja natural, chá de menta…
Como chegámos a Marraquexe a meio do dia ainda tinhámos tempo para explorar um pouco antes do entardecer. Começámos pelo óbvio, o souk e Jemma el Fna. Acontece tudo nesta praça e ainda mais à noite. Há carros enormes que só vendem sumo de laranja natural (a 0,4€ o copo), mulheres que fazem tatuajens em henna – cuidado que a maior parte destas mulheres cobram cinco vezes mais do que realmente custa fazer uma e a tinta pode não ser pura e dois dias depois parece apenas que se tem uma doença de pele -, há homens com macacos, homens com cobras, músicos, vendedores de óleo de argão, tudo a tentar ficar com o nosso dinheiro!
Perto da praça há uma grande mesquita, La Koutoubia, onde só é permitida a entrada a muçulmanos, o que é uma pena porque o exterior era incrivelmente belo!
Marraquexe é conhecida pela cidade ocre e Marrocos tem várias “cidades de uma cor”, como Casablanca, que é toda branca, ou Chefchaouen que é toda azul. É também uma cidade muralhada mas o centro é tão grande que nem nos damos conta que estamos dentro de muralhas. O centro é também como um grande mercado, nunca acaba, ruas e ruas cheias de especiarias, lâmpadas, cerâmica e roupas!
Decidimos ir até um dos bares no terraço da praça principal para ter um vislumbre da cidade desde um ponto mais alto, e para ver a “típica vista” dos postais de Jemma el Fna. À noite mais coisas são adicionadas à praça como carros que vendem sopa de caracol e centenas de “restaurantes” em que todos vendem o mesmo – couscous e tagine – e é uma luta entre eles para ver quem “ganha” o turista! Os preços nestes restaurantes são bastante “turísticos”, e apesar de ser aceitável para a nossa carteira há que ter atenção aos preços.
Como escrevi no início chegámos a Marraquexe sem grandes planos. De manhã saímos em direcção ao Museu de Marraquexe. Uns senhores disseram-nos que estava fechado e tentaram levar-nos para a Tanneries, onde se curtem as peles para fazer roupa, e depois queriam que nós lhes pagássemos. Chegámos lá mas era tudo tão feio e mal cheiroso que decidimos ir embora e encontrar algo para visitar perto do museu.
Encontrámos o que procurávamos – o que em Marraquexe nem sempre é fácil – a Madrassa Ben Youssef, também conhecida por escola corânica. Hoje em dia já não funciona como escola e é apenas um lindíssimo palácio que não se pode perder ao visitar Marraquexe! Ainda descobrimos um outro palácio ao lado da escola corânica, uma espécie de centro cultural com exposições de entrada livre, nesse caso uma exposição foográfica sobre a praça Jemma el Fna e tudo o que lá acontece. Já tínhamos alguma fome e fomos pelas ruelas do souk à procura de um lugar para almoçar. Como Marrocos não é muito caro optávamos sempre por comer em lugares mais turísticos para evitar apanhar uma congestão qualquer – o que mais me impressionou foram os vendedores de doces, que mais pareciam vendedores de abelhas! Decidimos ir até ao Café des Épices, um dos sítios mais turísticos, com um terraço agradável de onde pudemos ter uma nova perspectiva da cidade.
Continuámos para o Palais Bahia mas já estava fechado quando lá chegámos (fecha às 16h30, tudo em Marraquexe fecha demasiado cedo, verifiquem os horários antes de decidirem atravessar a cidade a pé!). O outro palácio, Palais el Badi estava também fechado mas para um Festival de Humor, por isso não se podia mesmo visitar. Decidimos voltar para o Riad para descansar um pouco pois o facto de se fazer quase tudo a pé e o calor abrasador cansam muito. Regressaríamos no dia seguinte ao Palais Bahia, agora acompanhados pelos nossos amigos espanhóis que conhecemos na noite anterior no hostel, depois de jantar nos souks.
Depois de visitarmos o palácio apanhámos um taxi para visitar os jardins Majorelle, mas quando lá chegámos percebemos que saí fora do nosso orçamento e decidimos caminhar de volta para a cidade. Depois de almoço e já sozinhos visitámos as Tumbas Saadiens, que se encontram numa parte de Marraquexe com um plano urbano recente e aí tudo se vê mais bonito! Tivemos de nos apressar para visitar as tumbas porque a última entrada era às 16h30. Acabámos o nosso dia cedo pois na manhã seguinte teríamos de deixar o hostel às 7h da manhã para ir para o nosso tour de três dias pelas montanhas, vales e desertos de Marrocos, que deixarei para outro post!
Três dias depois e após uma aventura espectacular fora da cidade estávamos de volta ao nosso amoroso Riad! No último dia só tivemos tempo de comprar os últimos souvenirs, comer o nosso último tagine, já com pena dos muçulmanos no seu primeiro dia de Ramadão a 40ºC, antes de ir para o aeroporto. Voámos para Madrid, onde ficámos uma noite e depois para Lisboa, O nosso voo teve problemas num dos motores e aparentemente tivemos de fazer uma aterragem de emergência – coisa que só descobrimos quando vimos nas notícias, dentro do avião tudo parecia normal.